Possuir-se sem requisitos,
sem esperar-se no canto do quarto.
Mais que se cobiçar nas noites:
desejar-se completa o dia que seja.
Pois é esta vida muito necessária
e dela não se pode escapar sem ter sido.
Evade-se a testemunha moral.
Quem fica é quem dorme, quem olha e quem chora.
Qu’importa o tempo gasto na insignificante existência,
se mais belo e constante é o suspiro?
Quantas madrugadas te divertiu contigo
a desmascarar as faces abusadas da estrela?
Que imaginas que imagina quando ferve em delírio?
Não teme afronta de quem chega, o vício impera.
Se vê estrelas, é ela mesmo quem constela.
E transborda mil vulcões, cerra as pestanas.
Se o limite que conhece é a forma
e, entrelaçadas, as pernas denunciam o prazer
foi mais que digno amar-se sem renúncia.
Divino é o elogio que ela toma para si.
Não foi insana ao cravar a própria carne
porque não buscou outra que não a si.
Encontrou-se, abraçou-se, dormiu-se.
Irão dizer: aquela que sub-meteu-se.
Um comentário:
Foi pra mim e mesmo que diga que não, vou acreditar que sim.
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