Como é triste e constante a noite dos teus olhos.
Chove sempre,
caem estrelas no jardim do meu ventre.
Está quente, agora, amor.
Deita.
É noite e teus olhos vão dormir.
E, sem qualquer esperança,
teus dedos correm meus cabelos.
"É noite", dizes, "deita comigo".
E teu toque de leve brutalidade
encaixa nossos quadris.
Dorme, amor, que já é tarde.
Dorme, que eu não posso mais.
Mas teus olhos anoitecidos não mais me vêem
e, cego, tuas mãos me examinam.
"Deixa-me anoitecer contigo,
penetrar a madrugada e
adormecer em ti".
Contra a poesia eu não resisto:
anoiteço.
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