30 julho, 2010

Passarada

Sê-de poeta

São tranquilos os passos inconscientes
que não buscam no chão o passo seguinte,
que não perdem o caminho ou não importam-se em perder,
que sentem o chão como nuvens vazias,
ue tropeçam e caem, sem perceber.


Os pássaros, mudos, invejam o andar.
Com que plenitude poderiam fazê-lo?
 
 
O teu olhar em cacos
e a paisagem em cacos.

Os teus lábios em cacos
dizendo palavras em cacos.

Teu coração em cacos,
teu amor em cacos,
tua esperança em cacos.

Tu és um todo despeçado sobre um íntegro vazio.
 
 
O poema se vestiu de nuvem
e no horizonte adormeceu lilás.

E o frio que seguiu foi culpa do vento:
espalhou a poesia em gotas
.


d'aqui.

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