29 março, 2009

Vários graus de... MAS HEIN?

menina 2: "outro dia 'tava falando com fulano de tal sobre o mundo não ter razão e o raimundo e isso não faz sentido..."
menina 1: "mundo mundo vasto mundo / se eu me chamasse raimundo / seria uma rima, não seria uma solução. / mundo mundo vasto mundo, / mais vasto é meu coração."
menina 2: "é por isso que eu odeio vinícius."
menina 1: "mas o verso é do drummond."
menina 2: "é por isso que eu odeio vinícius. ele jamais escreveu esse verso."

Vários graus de FORMIDÁVEL.

menina 2 vai de carro ao shopping.
menina 2 esquece onde estacionou o carro.
meninas 1 e 2, no meio da chuva, procuram carro.
meninas 1 e 2 acham o carro.
menina 1 entra no carro.
menina 2 entra com o guarda chuva aberto dentro do carro.

menina 2: O QUÊ QUE EU FAÇO COM ISSOOO??

26 março, 2009

febre + sono + dor de cabeça + azia =

Aproveitei a enfermidade para escrever alguma coisa bem desconexa. É p'ra parecer poético, mas é só delírio febril. Ou minha cabeça com muita preguiça de fazer sentido.

Reconheço que a escrita exige labuta. Mas a ilusão de uma "escrita natural" torna o processo tão, mas tão mais bonito, que mesmo ao final da mais suada das frases, o sujeito que a escreveu se sente o portador do maior dos dons. E é assim mesmo, sempre fingindo que existe uma inspiração intrínseca, um pensamento essencialmente livre e instintivo. Duro, dizemos, é o processo da escrita, duro é digitar teclinhas, duro é passar para o papel.

Mas que nada! Escrever, encarreirar letras, é fácil. Difícil é colocá-las em ordem.

Veja bem o que é a febre: eu me olho no espelho e, entre outras coisas, enxergo sempre a pessoa de escrita mais natural que eu conheço. Talvez nem seja mentira, posto que não conheço tantas pessoas que escrevem, assim... Mas nego, de muitas formas, que escrever para mim é um processo dolorosíssimo, cruel, sofrível porque eu insisto mesmo, chateio, teimo com a palavra que não quer sair. Espremo como se fosse um berne. [acabei de matar esse texto. #prontofalei.]

Despropósito

Encontrei em uma agenda, escrito na data de 18 de Março de 2005:


"Minha agenda me diz coisas em alemão, mas eu não sou alemã, não falo alemão, não leio alemão, não escrevo alemão, sequer simpatizo com a língua. Mas falo português fluentemente. E ninguém me entende.

(...)

São tantas coisas que eu penso, mas nada serve para o papel. Nem tudo merece ser exposto, eu tenho um gosto pela forma que meus pensamentos tomam. Acho que cada letra é um [palavra ilegível]. Amor sufoca, eu acho."


E há três dias 'tô eu olhando p'ra agenda, tentando decifrar essa joça de palavra. Mas nada cabe ali.

20 março, 2009

(sem título XIV)

O mar que teus olhos me trouxeram
As pétalas turquesas
O óbvio.

São, talvez, rastros.
Cicatrizes menos dignas, modéstias mais sinceras.
Você se resume nas minhas descobertas.

19 março, 2009

Vários graus de INEXPLICÁVEL.

meninas conversando.
menina 3 pede para menina 4 segurar seu caderno.
menina 4 escora caderno da menina 3 no parapeito.
alguma coisa cai do caderno.
meninas 1, 2, 3 e 4 se curvam no parapeito para ver o que caiu e onde caiu.
seja lá o que for, é quadrado, amarelo e está no parapeito do andar de baixo.
menina 4 vai correndo buscar.
menina 4 volta com o quadradinho amarelo na mão e a maior cara de incógnita de todos os tempos.



era uma fatia de queijo.

18 março, 2009

Primeiro remoque depois de um mês

Sempre tanta gente me dizendo p'ra não sofrer e só esperar que as coisas aconteçam naturalmente porque, ah, elas acontecem. E que eu não devo me sentir responsável por nada porque, afinal, eu não sou assim tão importante para que qualquer fenômeno se realize por mim. Aliás, nada importante que sou, semi-ignóbil-eu, procuro sentido nessas coisas vãs. Sou eu.

Ando atribulada e devo cartas prontas, devo presentes. E ando desiludida porque não recebo nada, cartas deveriam ser respondidas, não sei o que houve. Passo as noites na multidão de problemas que me inventei, alheia ao novo vocabulário que (ao menos parece) tenho que entender.

Ler e não entender sobre os dizeres do dizer, a maldita metalinguagem que me mata. E meu senso crítico cada vez mais totalitário, censurando tudo que eu escrevo e transformando em lixo. Saudosismo ridículo. Eu nunca fui feliz, eu sempre soube.