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09 janeiro, 2011

Cartas com Destino

À Diana.


Teu mal, preta, foi tentar ferir-me com minha lança quando eu já sangrava e disso não poderia mais morrer. E ainda, preta, ameaçou privar-me dos teus carinhos, quis ser cruel na distância, acusando-me de não valer a ponta cega de uma lança ou sua sincera devoção.

Se privar-me de ti é tua punição, aceito. Se apagar meu sol fará teu horizonte maior, ofusque o que brilha em mim. Teu mal, preta, é acreditar que eu acredito em tuas intenções. Podes maldizer-me. Eu ainda serei toda amor.

Preta, eu não deixei de estar contigo; apenas entenda, aceite. Eu a amo, isso deveria se estender para além da minha presença ou ausência. É vã tua luta com teus significados se o que deseja é deixar de ser eterna. Eu não a esqueci, tu também não me vais esquecer. Não o faça, não o tentes fazer.

Aceite minha natureza fugaz. Aceite que eu falho muitíssimas vezes onde a perfeição se faz necessária. Aceite que não consigo lidar com tudo o que sinto em palavras. Aceite o que eu não posso aceitar.

Eu não aceito teu adeus. Não aceito que queiras me deixar, não aceito que massacre, de forma tão leviana, o que sinto. Quando sentir minha falta, ligue-me. Mande uma carta, mande um e-mail. Mas não ameace abandonar-me, não seja tão rude.  Estou tentando ser feliz, estou tentando acreditar que mereço.

Voltei, Preta. Voltei para tuas farpas e teus doces, voltei para ser alvo de tuas afirmações. Voltei para que destruas. Feliz? Eu estou.  Porque voltei ao campo para duelar contigo, minha derrota e prêmio.

02 agosto, 2010

Memória

Eram tão lindas as flores
e tão belo o perfume e...
ah!
que belos dias nasceram
um após o outro!

Depois, tanto sonho!
Ora utopia errante,
ora realidade assídua,
ora devaneio monstro.
A vida em telas,
em torres,
em fios.

o colo delirante, mito.
antes a tirania do peito sobre a vida,
mas também disso a alma se arrependeu mais tarde.

esta heresia chamada saudade
celebra tempos vazios:
manhãs e tardes que nunca foram noites.

01 agosto, 2010

Suficiente (ou Autoexplicação para a Miséria Sentimental)

Minha cabeça pensou tanto tanto tanto
para escrever tanto e tanto tantas linhas
que dissessem o quanto eu estou tão tão
insatisfeita em viver tanto e tanto para
você.

No fim eu apaguei tudo tudo tudo porque
não posso admitir justificativas ainda que
coerentes para que eu te deixe e, tudo
bem, a culpa é minha.

23 outubro, 2009

"Da caixa vermelha e do que ela guarda" ou "Como me faz falta"

Na caixa vermelha me vieram perfumes e nela guardo coisas das quais não posso me desfazer. Guardo suas fotos e suas cartas. Guardo a ideia de que a vida foi mais digna quando éramos nós tão certas de nós; ou não éramos e não era preciso ser. Hoje - como é o mundo - só restou graça da nossa soberba e do nosso estado, que seria de espírito, se tivéssemos um. Ainda existe tanto vestígio daquele espaço e daquele contorno, tantos beijos. Tantas folhas, e nós no centro, às vezes só eu. E o palco, aquela brincadeira.

Minha caixa está cheia de cartas, fotos e lágrimas. Saudosa de um tempo não tão antigo assim, só distante. Distante, mas que não se perdeu. É possível recuperar meus desejos na sua voz ou nos seus convites; quando apagados, reflete nos meus olhos o brilho dos seus ao me ver. Entre nós é recíproco, mútuo e equivalente.

Ainda assim, distante. O tempo das cartas e dos segredos. Motivo para as declarações, os endeusamentos, as confissões. É verdade que jamais precisamos de razões ou causas para adorarmos-nos. É grande a saudade. E veja como agora eu vejo: ah! essa saudade já é uma dor.

18 setembro, 2009

Reuniões

O pedaço da pele que toca o chão determina o quanto do ser se realiza. Nunca é muito nem parece ser, mas quanto mais pesa no indivíduo seus sonhos, mais seus calcanhares doem por não suportar o desequilíbrio de suas proporções. É assim ao final do dia, quando os joelhos desejam dobrar-se; distribuir, pelo corpo, a carga.

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Talvez eu seja só parva
e do amor nada saiba
que não aquilo vivido.
Do amor: quanto vivi?
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Negar minha necessidade óbvia de atenção é força ou recalque?
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Amanheceu e a paz mais pura renasceu com o sol. É bem verdade que o sol não dormiu, tão ansioso quanto nós pela viagem - mas o que dizer? - e na minha manhã não se manifestaram mais os desgostos passados. Ardente, durou o bastante para que o azul se estendesse para além dos limites do horizonte. Os montes brancos brotavam da verde grama e atingiam, no topo, as nuvens pálidas, aquarelando a mata de orvalho. O sol atravessou a neblina. Era dia!
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Poderia ser outra, mas não seria minha pétala.

26 julho, 2009

A menina que escrevia pela metade

Ela era só uma menina. Uma menina inteira.

Mas quando se dividiu e quando doeu, ficou meio triste. Comia por meia pessoa, dizia meias palavras, esboçava meios sorrisos. Escrevia pela metade.

Sua metade se foi. A metade de dentro.

24 julho, 2009

Prólogo do não-amor - parte I

Os dias de semana são relativamente calmos. Os espaços de tempo são todos milimetricamente ocupados com nada, eu sequer lembro de mim. Me lembro, às vezes, de você. Assim começo a entristecer e pensar que o amor é uma ótima ideia pra descartar. Te amar de fato, nunca me pareceu boa ideia e ainda não é. Ainda após passado algum tempo refletindo sobre isso, acho mesmo que o amor é desses sentimentos mais leves, ou nunca foi amor, ou nunca será. A doentia forma de te querer ultrapassou os limites do sublime e foi além, até o nada. E eu, que nada sei do amor, acho que não é amor.

Eu espero ainda que você entenda os meus motivos e não me julgue. Antes eu me culpei ainda por ter permitido que você se fosse, quando entendi que você jamais esteve. Eu percebo da forma mais linda, agora, que você jamais poderia ir sem sair de dentro de mim, que é onde está. Sendo assim, tudo o que me dói é não poder te perceber fora, quando dentro tu sofres apertado no meu deprimido coração. Eu não te amo. E ainda que o fizesse não seria tão espontaneamente a ponto dessa declaração voar como o vento. Mas aquela ponta da certeza apontada para o precipício me diz que somos enganadores de nós mesmos ao querer nomear as coisas por parâmetros existentes, sendo que aquilo que somos e sentimos só é sentido por nós, só existe em função um do outro. Ainda por uma questão de inexatidão, obrigo-me a adaptar o que sinto ao signo de outra diferente, outra já nomeada. Ou não nomeio, e encaro que toda essa reflexão é a fuga para não admitir o amor. Na hipótese do amor, é claro.

17 julho, 2009

(sem título XVIII)

Contados exatos dois mil duzentos e sessenta e três dias de completa solidão ao seu lado nós nos fomos de nós e nos deixamos a sós. E (ai!) que agonia, que dor, que drama o meu! Eu que, dentro de mim, te fiz tanto, te amei tanto, te quis tanto, fui tanto sua! Eu, esse mesmo eu, fui.

Contados, assim, trinta e cinco exatos dias desde então, eu percebo, com alguma nostalgia, o vazio de toda dor e todo drama, o quanto eu me perdi na absoluta necessidade de amar alguém e o quanto isso é, de fato, desnecessário.

Contados os fatos e tudo que vivemos, não houve perda. Foi tudo, em sua medida, lindo e nós ainda somos, à nossa maneira, lindos também. Eu aprecio o amor que dediquei e o que recebi - sabendo que nunca houve paridade - e termino aqui, beijo, adeus.

19 junho, 2009

Raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'



"Raindrops keep falling on my head,

But that doesn't mean

My eyes will soon be turning red

Crying's not for me

Cause I'm never gonna stop the rain

By complaining

Because I'm free,

Nothing's worrying me!

It won't be long,

Till happiness steps up to greet me."

05 junho, 2009

Entre-meios de lidar com a perda

Eu não mereço o mar.
(Eu) sequer (mereço) beijos de brisa
- eu não mereço!
Não tenho metais ou pedras,
nenhum valor possuo que não o meu
que é bem pequeno.

Me espere acordar.
Eu ainda não preciso.

Jamais andei descalço
(com os pés carregando poeira).
Eu não deveria
- ninguém deveria -
te oferecer palavras menores que as suas.
Não conheço o prazer da neblina;
de tatuar, em mim, o arrepio;
sinto falta da desconhecida madrugada fria.

Só as letras me mergulham quando já me encontro afogado.

Acabou-se, nos detalhes, a exploração dos meus pedaços.
E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu adeus é repleto de até logo.

São cinco ou seis estrelas sustentando meus pés, sustentando meu nada além de mim.

Serei sempre eu rasgando as malhas, rompendo a pele.
Deixar de esperar é ainda uma angústia maior.
Ainda morro
de tanta individualidade.

Eu me sinto mal por não saber lidar com gentilezas, por ser ingrata, por não ter um só bom sentimento, tendo tantos impulsos que me levem a ter. Me sinto mal quando a vida me é excessivamento gentil; quando não há perturbação, eu me perturbo. Em me sinto mal por ser eu, por não ser mais eu, por ser tão eu, por estar presa a mim, por ter me abandonado. Eu não posso continuar.

E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu até logo é repleto de adeus.

19 abril, 2009

Da beira, o pulo.

Aquele pedaço meu chamado dignidade está gritando. E diz, contra todos os outros pedaços em mim, que a renúncia ainda é uma opção, que é possível permanecer digno - e mais: ser ainda mais digno - reconhecendo a futilidade de alguns atos e abandonando alguns gestos frequentes. Não me ocorre, no entanto, abandonar gesto algum. E acho até que, enquanto não perco toda a dignidade, posso ainda fingir que escrevo, realçando um ou mais traços de qualidade minha. Ilusões para se cultivar em um jardim.

Não falta nada. Tenho ainda até os mesmos amigos que fingem gostar do que eu digo. Já não sei se é de agora, percebo que há/sempre houve uma necessidade em me agradar. Não, não são falsos amigos. São queridos amigos que cuidam da minha ilusões, que me afagam docemente o ego, permitindo minha fuga todas as noites. Amigos preciosos, mas que me faltaram com a verdade e que obrigaram a ver o mundo com meus olhos míopes e tendenciosos. Correndo, ainda, o risco de violar meus próprios códigos.

Há quem diga, até, que eu sou má. É a mesma doce alma que me chama de coisas ainda piores, mas sequer posso acusá-la de difamação. Ela me entende, sabe que não há nada em mim que seja essencialmente diferente dela. E somos, sempre, a transição de nós mesmas. Foi assim que meus desejos se foram e, buscando uns casa com cômodos menores que conservasse o mesmo aconchego, encontraram-na. Eu sou má, ela me diz, sabendo que isso nada tem a ver com mediocridade.

É preciso admitir, entre outras coisas, a felicidade dos meus acasos. Poder chamar de amigos, ainda que sob perspectivas pouco ambiciosas, pessoas como Mariana Khalil, Diana Borges, Gustavo Ruzzene, Elba Rocha e outros, faz de mim uma pessoa notável. Uma pequena notável. Mas nada tem a ver minhas relações com uma possível notabilidade. Incrível a beleza do coração, se assim posso chamar, de cada um deles. E porque me fazem um bem sem explicação é que às vezes escrevo com alguma alegria. E fica fácil dizer o que sente, sendo sincera e pouco retórica, quando isso se dá em explosões múltiplas.

Não me arriscaria a qualquer diagnóstico a meu respeito. Ando triste, e acho que não existe nada além disso. Nunca houve, aliás. Começo a desconfiar que a tristeza não é um estado, mas uma condição. Não é ruim. É caso, apenas, de se acostumar, como com a alegria. Ou aceitar que não existe escolha permanente. Aceitar que não basta suor para uma execução perfeita, também é necessário algum desprendimento e aquilo a que me habituei a chamar de dom. E é por isso que, mesmo querendo, não posso cumprir as promessas que fiz, tamanho seja meu desejo de atendê-las. Não se zanguem, caros amigos, com minhas falhas. Sou humano, demasiado humano. Nem sempre cabe ao meu orgulho reconhecer meus defeitos ou ao meu abatimento, reconhecer meus atributos. E escrevo desgovernadamente quando deveria calar meus dedos ou passo dias sem escrever, quando tudo em mim arrebenta em sentimento.

Compreensão, amigos.

Porque não sou mesmo medíocre. Se sou capaz de assumir.

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À todos os amigos citados e aos não citados, mas em especial à Diana, que me arrebentou as veias e me confessou, entre delicadezas, que eu estava irreconhecível. Morrendo e matando de delicadeza. Aquele monstro de delicadeza.

09 abril, 2009

Minha vida, meu desejo e a distância entre as coisas.

Pensei em apagar tudo que vivi, escrevi e li até agora em troca de uma próxima experiência menos real e, talvez, mais válida. Mais bonita, com certeza, que todas as coisas que já fui capaz de viver. Triste, frágil e cheia de dor, eu havia decidido me recolher. E uma flor me chegou pelo correio, uma resposta aos meus afagos. Leve. Um carinho que eu quase senti físico, mas foi por dentro, aqueceu o peito. Um beijo do amigo distante.





Amigo,

fiquei ainda mais frágil, mais triste e mais dolorida. Eu não posso te responder agora, nem sei se poderei um dia, só sei que choro feito a criança que descrevi em você, sem saber, ou não, do verdadeiro velho que escondes. Mas uma resposta surgirá e voltará às suas mãos como forma de agradecimento. Não é necessário que seja recíproco, é só necessário que seja verdadeiro em tudo que seja. Já és, sinceramente, meu pedaço de vida e desejo.

20 março, 2009

(sem título XIV)

O mar que teus olhos me trouxeram
As pétalas turquesas
O óbvio.

São, talvez, rastros.
Cicatrizes menos dignas, modéstias mais sinceras.
Você se resume nas minhas descobertas.

16 fevereiro, 2009

(sem título XIII)

A saudade bem me atropela o peito nos finais de semana, quando penso que deveria sentir seu hálito e sequer ouço sua voz. E me arrebata as tardes pensar nos seus cabelos entre meus dedos, me lembra a sonolência de carinho bem feito e me dá tantos outros pensamentos.

Quando penso nos improvisos de nossa vida, os rumos desesperados de cada uma de suas pernas que te levam a cada dia para mais longe de mim. Cruelmente, cada manhã e cada tarde ao seu lado são sempre ainda melhores que as manhãs e tardes anteriores. Me deixam sempre uma esperança de consideração divina em prolongá-las por meses, mas parecem sempre menores.

10 dezembro, 2008

Amigo. Querido amigo. Bem aqui.

Há quanto tempo, amigo.

Dê-me um sorriso e isso será suficiente por enquanto. Mas não te cales. Cada suspiro que eu decifro é precioso, me engrandece.

Eu andei longe, caminhando por lugares que já conheço, mas nem por isso menos árduos. Senti tua falta em quase todos os momentos e, para abrigo, construí uma saudade imensa e aconchegante onde eu pudesse passar a noite.

Não te esqueci, amigo. Nem a ti nem a todos os sentimentos que me inspiras. Eu prefiro acreditar que estás perto, assim, com a mesma convicção que tenho que tu existes. Tu existes.

15 outubro, 2008

Sensação III

Fazer com mais capricho.
Fazer bem feito.
Fazer solicitamente.

Trazer à mente a lembrança do futuro desejado: isso se chama sonho.

Ter entre os dedos a raiva.
Saber que fúria não se vende.
Enfurecer-se. Não guardar-se.

Trazer à mente a lembrança do futuro aguardado: isso se chama esperança.

Tudo merece um pouco mais de prazer na execução, é verdade.
Aliás, a culpa é minha.
Isso não vai se repetir.

Trazer à mente a lembrança de qualquer futuro: isso se chama loucura.

Antes

Ter essa carne viva,
essa víscera aberta.

Arranhar o peito,
bater os sonhos,
soltar a poeira dos vincos.

Antes a ignorância de não saber voar
que ter asas
- a sina de viver entre grades.

É na brisa que minh'alma se vai.

06 outubro, 2008

Poeta

Eu vivi uma vida de poeta, mesmo antes de ter vida. Mas meus poemas se foram voar, porque eu lhes dei asas. Um dia voltarão, mas para fim imediato da minha solidão, me resta viver por outros. Pena que eu tenha descoberto isso tão tarde, e já tenha passado por um longo período de isolamento. Perdi meus poemas quando perdi meus amigos, e era bem assim que tinha que ser. [...]


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Você começa a me fazer falta

Agora você começa a me fazer falta. Não parece importante... Afinal, você algum dia lerá estas letras? Você jamais lerá sequer meus olhos. Você jamais entenderá.

Minha face insensível não chora por você. Chora por infâmia, por impassibilidade ao próprio peito... Nunca por você. Imagine só, chorar por você. Contra-senso. Esta lágrima é minha alma indo a nocaute. Nada mais.

Cada vez que algo me atinge, você parece ser minha primeira solução, minha primeira culpa. É claro que você não sabe disso. Você não me vê chorando, nem por fora, nem por dentro. Mesmo as loucuras que se ordena fazer, nada tão imprevisível. Você ainda não se satisfez. Não presenciou esta lágrima por uma noite inteira, não presenciou uma falta de sono, nem as confissões absurdas ás três da manhã, nem as promessas de morte.

Pedido desesperado ao meu eu-lírico:

volta!