24 setembro, 2010

Tudo o que perturba

Eu vejo teus pensamentos quando te distrais,
eu entendo aquilo que é desvio,
eu sossego tuas angústias.
Eu não julgo tuas ações.
Apóio, e não fujo aos teus reclames.

Apesar dos teus esforços,
                          eu confio.
Eu aceito o que me entregas,
nada exijo além do que tenho
                          porque o tenho verdadeiramente.

- Isso é maior que todos os teus monstros
e mais perturbador que tudo o que já foi -

Eu não lhe dei decepções.

Eu não preciso me conter,
eu sou livre, eu choro.
Eu perturbo a tua alma porque lhe entrego a paz na bandeja,
não lhe causo problemas.

Eu não te amo, enfim.

18 setembro, 2010

Maria Helena's Day (30/30)

Esta homenagem, acreditem, é singela para a nobreza que ela carrega. Mas Maria Helena é assim, gentil demais comigo. Este carinho, portanto, é tudo aquilo que pude dar, é tudo que eu tenho, é tudo que eu sei fazer. Cumpro, dessa forma, a exigência feita: um presente feito à mão, um presente feito de coração.

E reitero meu amor agora. E a cada dia. Agora sim: FELIZ ANIVERSÁRIO!

Poema de sete faces - MariaHelena's Day (29/30)

 

---------------- Carlos Drummond de Andrade

"Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."

Maria Helena em Cores - MariaHelena's Day (28/30)

Monty Python - MariaHelena's Day (27/30)

Alma minha gentil, que te partiste - MariaHelena's Day (26/30)

------------------ Luis Vaz de Camões

"Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou."

amigo - MariaHelena's Day (25/30)

amigo
a.mi.go
adj (lat amicu) 1 Que tem gosto por alguma coisa; apreciador. 2 Aliado, concorde. 3 Caro, complacente, dileto, favorável. 4 Dedicado, afeiçoado. sm 1 Indivíduo unido a outro por amizade; pessoa que quer bem a outra. 2 Colega, companheiro. 3 Amador. 4 Amante, amásio. 5 Defensor, protetor. 6 Partidário, simpatizante. 7 Aliado. Antôn: inimigo, adversário, antagonista, contraditor. Sup abs sint: amicíssimo. A.-da-onça: o que, ao invés de ajudar e beneficiar, atrapalha e prejudica. A. de Peniche: o que não é certo. A. de saias: dado a mulheres. A. de seus amigos: o que se conduz como verdadeiro amigo. A. de todo o mundo: o que é amável para todos, sem ser amigo de ninguém. A. do alheio: ladrão. A. do copo: beberrão, cachaceiro. A. do peito: amigo muito querido. A. urso: o falso, o desleal, que procede mal para com os que o julgam amigo. A. particular: amigo íntimo.

Linda - MariaHelena's Day (24/30)

Reflections of a Skyline - MariaHelena's Day (23/30)

Virgem - MariaHelena's Day (22/30)

A tua vida é pura
e eu não sei bem onde me encaixo nela
mas eu estou aqui.
Eu me deprimo
e tantas vezes repito que não mereço...
eu quase acredito.
Mas teu amor me faz um tanto melhor,
sem que eu precise ser outra.

Hush Hush - MariaHelena's Day (21/30)

Recherche - MariaHelena's Day (20/30)

Investiguei teus olhos a procurar por mim e me encontrei tantas vezes e de tantas formas que já não sei quem é aquela que vejo no espelho. Nos teus olhos, porém, me reconheço inteiramente.

Muito amor - MariaHelena's Day (19/30)

Jot Prakash Kaur - MariaHelena's Day (18/30)



Sobre Maria - MariaHelena's Day (17/30)

Quando encontro me vaga, Maria ocupa-me de nomes que não me fazem qualquer sentido. Martela-me a cabeça de dúvidas e me aborrece, inocente, quando tenta me ensinar. Maria, no entanto, em muito mais vezes me enche de alegria e comoção quando me ignora e me constroi a mesma outra de mim.

Esquiva - MariaHelena's Day (16/30)

Não se percebem seus olhos contra a luz
nem rompe com a desigual ventania um suspiro seu.
Cada passo,
entretanto,
revela mais do que poderia uma tarde inteira
ou todos os olhos brilhantes que te observam do céu.

O que mais encanta,
de tudo,
é que tu existes, simplesmente.
Mas a vida é pouca
e dela se cansa tão logo começas a viver.
Teu avesso mais rude encontra em ti mesmo abrigo.

Esconde,
rejeita,
ignora-se em misérias.

Fantasia-se,
veste-se,
encara-se: está nua.

Despir-se é tua necessidade poética.

Receita de Mulher - MariaHelena's Day (15/30)

-------------------- Vinícius de Moraes

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Milimétrico de amor à amizade se aplica - MariaHelena's Day (14/30)

Amar a ponto de plagiar amor
de não saber amar
de ter que copiar.
Criar e administrar a transformação livremente
e até ser demente,
sendo o outro também.

Amar a ponto de não se importar
se é mesmo verdade
ou só ilusão.
Amar sem porque
ou porque é melhor,
porque é mais caro deixar-se amar.

Amar, pois não há outra opção mais honesta.
Ou é isso, ou é ter religião.

We Are Golden - MariaHelena's Day (13/30)

17 setembro, 2010

Libélula - MariaHelena's Day (12/30)

Tu nasceste ninfa
e decidiste voar
ser no lago dos delírios
a libélula majestosa.

Inaugura a vida
donzelinha rasante
linda menina de alas furta-cor.
Coram as régias vitórias
com a audácia de seus vôos,
contemplam desejosas
o bater se suas asinhas.

No reflexo da lua,
peixes famintos brincam
a devorar sua infinita sombra.

Criança absoluta,
no trono, princesa,
fada doce,
estrela quente.

Qu'importa o teor dos seus dias mais amenos?
Qu'importam as águas, o mangue ou a brisa?
Que triste importância tem outras vidinhas
que nem de voar precisam saber?

A menina libélula passeia no tempo
e vaga no nada
sem mais que pensar

Só ser leve
Só ser só

No pouso, amargura.
Derrama o corpo sobre a natureza, vítrea libélula.
Vive um só dia.
Já foi, já vai.

Adormece libélula,
morre libélula.
Renasce amanhã
cada vez mais libélula.

Para o meu encanto, enquanto há - MariaHelena's Day (11/30)

Eu posso imaginar um alguém que me ame com carinho e até um tanto de devoção.
Um alguém a quem eu ame da mesma devota forma.
Que a pele seja suave ao toque.
Que o perfume seja único, leve, natural. Mas ainda inebriante, sedutor.
Alguém cujas palavras sejam doces.
Um alguém que me inspire. Que me respire.
Alguém cujo abraço seja leve como uma brisa e tão intenso, inevitável e irreversível quanto deixar-se levar por um tornado.
Que seus olhos sejam meu desejo revelado.
Que seus traços sejam o meu reflexo e seus braços sejam o meu abrigo.
Eu posso imaginar.

Eu nem preciso imaginar.
Tu és minha amiga incomparável,
a qual eu amo por uma infinitude de razões e,
ainda assim,
inexplicavelmente.

Desculpe-me, meu amor,
por estas palavras imprecisas.
Se aproxima, no entanto, o dia em que sua presença não mais será constante e meu peito está arrebentado.
Queria, enquanto posso, dizer-lhe o quanto te amo,
o quanto é tanto,
o quanto pra sempre o será.

Eu Nela - MariaHelena's Day (10/30)

Discurso - MariaHelena's Day (9/30)

-------------------- Cecília Meireles


"E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?"

Madalena - MariaHelena's Day (8/30)

Simplesmente linda. Quando colore-se, irradia tal qual um cristal atravessado pela luz. Uma beleza simples toma seu rosto e percorre seu corpo tão naturalmente que nela não se encontram traços de estranheza. Defeitos minuciosos, visíveis e calculadamente distribuídos lhe dão uma imagem tão bela quanto doce, uma perfeição em suas imperfeições.

Ela, no entanto, não aceita estar onde está: Madalena não admite a sucessão de caminhos que a vida lhe impôs e o tom injusto com o qual cada amor lhe é apresentado e, em seguida, retirado. Expõe-se, vergonhosamente, quando assemelha-se demais aos demais. Todos sabem, como ela, que distanciar-se da humanidade é uma maneira de analisá-la criticamente, para depois reconhecer-se.

Sua lágrima é constante e desesperada. Quem a vê em prantos atesta a teimosia de Madalena em aceitar sua dor, enquanto a face contrai-se de ódio do fatídico rio que lhe corre a face e cora as bochechas. Relutante, respira fundo, ameaça-se inconscientemente e sorri. Uma dor qualquer não faz sentido algum.

Madalena decreta o fracasso sem que antes haja tentativa. É uma forma de eximir-se do sofrimento antes que ele venha e lhe tire o sono pela noite. Então sonha com o que não houve e com o que não haverá, sendo ela tão digna de ser aquilo que quiser.

Carta - MariaHelena's Day (7/30)

-------------------- Carlos Drummond de Andrade

"Bem quisera escrevê-la
com palavras sabidas,
as mesmas, triviais,
embora estremecessem
a um toque de paixão.
Perfurando os obscuros
canais de argila e sombra,
ela iria contando
que vou bem, e amo sempre
e amo cada vez mais
a essa minha maneira
torcida e reticente,
e espero uma resposta,
mas que não tarde; e peço
um objeto minúsculo
só para dar prazer
a quem pode ofertá-lo;
diria ela do tempo
que faz do nosso lado;
as chuvas já secaram,
as crianças estudam,
uma última invenção
(inda não é perfeita)
faz ler nos corações,
mas todos esperamos
rever-nos bem depressa.
Muito depressa, não.
Vai-se tornando o tempo
estranhamente longo
à medida que encurta.
O que ontem disparava,
desbordado alazão,
hoje se paralisa
em esfinge de mármore,
e até o sono, o sono
que era grato e era absurdo
é um dormir acordado
numa planície grave.
Rápido é o sonho, apenas,
que se vai, de mandar
notícias amorosas
quando não há amor
a dar ou receber;
quando só há lembrança,
ainda menos, pó,
menos ainda, nada,
nada de nada em tudo,
em mim mais do que em tudo,
e não vale acordar
quão acaso repousa
na colina sem árvores.
Contudo, esta é uma carta."

Devota - MariaHelena's Day (6/30)

Tomo a palavra para dizê-la
e, assim dizendo, digo ainda que é poesia
porque aqui está seu sorriso.

E é também poesia minha vida
desde que sua presença tomou-a.
Sua existência fez, de mim, poeta.

Sua existência fez, de mim, devota
dos olhos cercados de luz,
das profecias que justificam meu instante.

Eu amo tanto, a amo tanto
que não haverá ainda tempo para manifestá-lo
e dizê-lo jamais caberia em mim.

E se seu alterego fosse um caramujo? - MariaHelena's Day (5/30)

Bichinhos de Jardim - de Clara Gomes
Caramujices Ilustradas de Maria Helena

[clique nas imagens para ampliar]


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Canção da alta noite - MariaHelena's Day (4/30)

-------------------- Cecília Meireles

"Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar que um poeta
não necessita de casa.


Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.


Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.


Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.


Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.


Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.


Porque o poeta, indiferente,
andar por andar - somente.
Não necessita de nada."

Girls just wanna have fun - MariaHelena's Day (3/30)

10 maneiras de dizer o amor - MariaHelena's Day (2/30)

01 - Você iluminou meus olhos e inventou meu sorriso.
02 - Cuide-se naquilo que puder, que eu cuido da sua parte que é minha.
03 - Você não me deve nada.
04 - Eu te devo toda minha alegria dos últimos tempos.
05 - Serei sempre sua brisa, sua ventania.
06 - Passarei a vida me desculpando por tê-la deixado triste.
07 - Vá para Oz, Dorothy!
08 - Me carrega com você.
09 - Obrigada por tudo.
10 - Eu amo você. Também.

Diva Stella - MariaHelena's Day (1/30)

Estavam meus pés sobre a lua
                    e minha cabeça na lua
enquanto vagavas distante no universo
                              entre as estrelas.
                    Foi quando brilhou uma luz,
          a tua,
maior que a de qualquer uma delas. E eu brilhei.

Sob teu signo eu construo meus caminhos
e agrego à minha solidão tua imensa vida.
Eu poderia correr sobre o penhasco
se teu olhar é meu guia mesmo além da curva.


E, porque não cabe em nós tanta esperança,
seguimos continuamente paralelas
a querer nos tocar no infinito.

MariaHelena's Day (0/30)

     Talvez quem frequente este blog com alguma assiduidade já esteja acostumado às intensas manifestações de amor aos meus queridos amigos. Não é que eu seja uma amiga, assim, tão dedicada; sou, na verdade, uma grande egoísta: eu alimento a alma de quem alimenta a minha.

     Seria isto desmistificar o amor? Talvez seja. Mas é também realizá-lo na dimensão do compreensível, e por isso, também, ser mais fiel a ele. Amar de verdade.

     Hoje, alguém que eu amo comemora 30 anos. E eu comemoro junto porque sua presença na minha vida só tem trazido alegrias. Como ela foi exigente em relação ao presente, parte dele será entregue por aqui. Até amanhã serão 30 posts (textos meus e alheios, imagens e fotos) dizendo à Maria Helena o quanto ela me faz bem, o quanto ela faz bem ao mundo, o quanto... enfim!

Parabéns, Caramuja...

09 setembro, 2010

Balada dos teus olhos

Eu não falo dos teus olhos porque são belos.
          São olhos como quaisquer outros
                    que qualquer outro poderia ter.

Falo dos teus olhos porque são meus amigos
          e
enquanto tua boca defende tuas razões
          teus olhos me amam,
                    involuntários.

Teus olhos não mentem teu desejo
          que tua boca nega
                    e refulga.

É quase certo,
          meu amigo,
que teus olhos sejam mais alegres
          e infinitamente mais sorridentes
                    que os meus.

04 setembro, 2010

Segno

Maldita seja sua pedante boca
palco vil da minha derrota.
Não poderia denunciá-lo
nem fazer-me sua vítima
se antes do golpe
já me havia apresentado todas as suas armas.
Não posso culpá-lo
se fui em quem entregouo peito aberto ao fuzilamento.

Que seja hoje
- o dia do meu fim -
o fim de tudo.

03 setembro, 2010

Amiúde amor

Eu poderia não saber onde as escolhas me levariam, mas sempre soube onde eu iria com você. Aliás, ainda que eu não soubesse, pouco importou: eu só queria ir onde você fosse. E isso bastava imensamente. Você me possuiu da maneira mais completa, porque eu nada precisei te dar. Um beijo e você me tomou inteira, e eu não era nada, senão sua.

Não vou questionar, aqui, questões de reciprocidade. Aprendi, de mim, que o amor parte de um lado amante. Aprendi, de você, que o amor não existe. Mas amei, por nós dois, numa infinitude ímpar, numa cumplicidade par. E, não tendo me queixado nunca, não o farei agora. Já tive minha cota de insatisfação contigo, quis odiá-lo por me sentir traída - como, de fato, fui -, mas minha mente acabou por lhe dar razão. Porque, antes de tudo, você me satisfez.

E eu ainda te amo. Apesar de nocivo, você me deu os melhores dias e noites que uma mulher poderia sonhar. Os seus beijos são ainda uma lembrança latente, minha boca ainda sente a textura da sua. Das marcas que passaram, ainda sinto o cravar dos seus dentes nas minhas costas, as mãos inquietas e perdidas entre seios e quadril. As indecências carinhosas ao pé do ouvido, ainda as escuto todas. E arrepio, porque ainda sua respiração me acorda na madrugada.

Hoje, minha luta é comigo. Meu ódio é interno, minha insatisfação é interna. Eu prometi fazê-lo meu e não o fiz. E nada valeram meus esforços: apesar de todo seu empenho, eu jamais fui seu amor. Culpa minha. Eu perdi a paixão mais intensa, perdi a exclusividade do seu território (se alguma vez a tive). Só não perdi o amor, porque você o fez irracional. E eu guardei, como segredo, sua continuidade. É minha, para que eu possa amar por toda a vida.

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Este post é uma encomenda, por assim dizer, de um amigo. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Ou não.