30 setembro, 2009

Selos =D

Diana, mais uma vez, me encheu de presentes de uma mão só: SELOS




Para tanto devo:

Definir meu blog em dez palavras:

- Simples
- Intenso
- Flutuante
- Avesso
- Perdido
- Distante
- Doce
- Escorregadio
- Aconchegante
- Meu.

E escrever dez características minhas:

- Soberba
- Teimosa
- Ansiosa
- Chata
- Irresponsável
- Compulsiva
- Mal-humorada
- Engraçada
- Determinada
- Explosiva.

E indicá-lo, obviamente, a "alguéns"...


- devolveria à Diana, mas simplesmente seria um ciclo interminável. Amo-te, nega.

29 setembro, 2009

Mãos dadas

Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

__________________________________
__________________________________
__________________________________

Alguns poemas são, por essência, eternos. A eternidade, no entanto, não se justifica pela mão que os escreve, mas pela mente que o recorda. "Mãos dadas" era em mim um poema esquecido. Ao relê-lo, no entanto, me vieram à mente todos os meus amigos, inacreditavelmente unidos a mim, todos de mãos dadas.


Agradeço-os, pois me sinto abraçada.


Alana-Mariana-Diana-MariaHelena-Vitor-LuizFelipeLeal-Lúcia

28 setembro, 2009

Noite

A noite fria começa ainda no sol violeta do fim da tarde,
quando começa a noite fria.
Percebo ainda que venta pouco e os minutos se arrastam até o breu.

As luzes se acendem, os bons se encondem, sobra eu.

Até que era uma noite fria, não muito fria, mas ventava e ventava frio quando eu adormeci. Em pouco tempo retornei a mim e, acordada, percebi que estava frio, mas era difícil ver, perceber as cores. Um só copo de absinto, açúcar, água. O contorno do copo simplesmente vazio, um gosto acre na boca, o corpo pesado, as palavras misturando e queda. Foi ao chão a embriaguez e todo o peso do insustentável. Dores submersas em gelo, cortes comprimidos por lenços. Mais tarde, banho. Sono. Sonho. Manhã.

18 setembro, 2009

(sem título XX)

(...)

pois me pedem o sublime, o intenso, o impossível - do verso concreto o mais palpável e do abstrato, o mais intangível. Na minha incompetência, exigem minha renúncia ("abandone as folhas, as canetas, os propósitos...") e no mais, não renuncio. Foram-se os dias que busquei compreensão. Sou ainda menos exigente comigo, que sou nada, e busco menos em mim que nos outros que me buscam. Se resta ainda a interrogação do objetivo que mesmo nada procura que não a própria intensidade, a própria lógica ou a própria consistência. E acabam esbarrando em mim quando encontram o mais sublime, intenso e impossível dos significados.

Reuniões

O pedaço da pele que toca o chão determina o quanto do ser se realiza. Nunca é muito nem parece ser, mas quanto mais pesa no indivíduo seus sonhos, mais seus calcanhares doem por não suportar o desequilíbrio de suas proporções. É assim ao final do dia, quando os joelhos desejam dobrar-se; distribuir, pelo corpo, a carga.

__________________________

Talvez eu seja só parva
e do amor nada saiba
que não aquilo vivido.
Do amor: quanto vivi?
___________________________
Negar minha necessidade óbvia de atenção é força ou recalque?
___________________________
Amanheceu e a paz mais pura renasceu com o sol. É bem verdade que o sol não dormiu, tão ansioso quanto nós pela viagem - mas o que dizer? - e na minha manhã não se manifestaram mais os desgostos passados. Ardente, durou o bastante para que o azul se estendesse para além dos limites do horizonte. Os montes brancos brotavam da verde grama e atingiam, no topo, as nuvens pálidas, aquarelando a mata de orvalho. O sol atravessou a neblina. Era dia!
___________________________
Poderia ser outra, mas não seria minha pétala.

Adormece

Cada página merece uma satisfação sobre o nada que lhe é revelado, mas permanece ainda insatisfeita enquanto a mão, alerta, não realiza a palavra. Prevê que nada constará no papel que seja interessante. Adormece.