24 abril, 2011

Jardim

Nada sobrevive ao outono.
Ao inverno, nada.
O esboço perpétuo do tempo
vingará a beleza das flores.
            Cortes de aço.

Insuspeita forma das estrofes raras
e das letrinhas ganhando vida,
cada qual rainha absoluta do fonético mundo leitor.

Riscos levarão aos abismos
e às metáforas perfeitas e ignorantes
para versos de sutil poesia.

06 abril, 2011

Da coisa tua

Nas tuas manhãs, o teto nublado.
Nela, teu sono, tua preguiça, teus pretextos.
Teu motivo para não levantar.

Ou tua luz plena, sol destemido.
Teu suor, teu sal.

Na tarde lenta e morna,
teu mormaço,
teu arrastar de horas.
Teu trabalho árduo pesando sobre os músculos.
O queimar da pele.

A tua lua sempre branca e cheia.
A tua noite estrelada.
Onde andas, o que vestes.
Teu banho.
Depois,
           teu comer, beber e servir.

Cada orvalho pela madrugada.

Só tua, enfim,
mulher e tudo o que queiras,
quando queiras,
até tua próxima manhã.