30 agosto, 2009

(sem título XIX)

Descobre na boca a melhor palavra, a mais doce, a mais bela, a mais leve - a impronunciável e rara palavra. Quando da garganta surge o sopro voluptuoso, repousa o desejo e os dedos sossegam. O corpo suspira, repousa enfraquecido pelas marcas de recentes feridas - o corpo que flui, o corpo que derrama no corpo. Quando sobrevivente e ainda completo, espera a resposta silenciosa da metade de atributos. Comprova, por fim, o último abandono do outro - o desmerecido outro - e adormece. Recupera no sono a alma perdida, dividida, compartilhada no orgasmo.

28 agosto, 2009

"Do fracasso" ou "Como realizar o texto impossível"

"Queria eu dizer em poemas o exato desespero que há em meus entretantos. É falho o meu desejo e fracasso amargamente. Por tantas vezes eu preferi dizer da maneira mais suave, sem o critério de impactar ou dar ao meu único leitor (único) a impressão correta de meus sentimentos. Mas é ainda uma questão se isso realmente importa, ou se a intencionalidade se perde aos olhos alheios.

(...)"

a outra ponta do novelo está aqui.

Deliberação ao acaso

Existem necessidades completas que só podem ser sanadas após a decisão definitiva de resolvê-las. O que necessita a vontade para realizar-se de fato se já foi determinado (e exigido) que tudo se dará da mais bela forma? A forma, e é este o problema, em sua origem é abstrata, completa, magistral. Bastaria que o pensamento fosse impresso para que não houvesse mais o que dizer. Seria possível eliminar as etapas do sofrimento no processo de escrita, anularia a labuta com o indecifrável signo, poria fim à querela com a vida. Cessaria a luta.

Mas que inferno é este chamado "preguiça"?

Belo Horizonte, de hoje para sempre, ou até nunca mais.

Já que precisa ser feito e, da forma como caminham as coisas entre nós, quem deve fazer sou eu, pretendo ser breve. Tamanho sofrimento já tem causado esse adiamento, você bem sabe do que estou falando. Pois bem, acabou.

Não chega a ser culpa sua, embora seja uma tentação sobrecarregá-lo e livrar minha duvidosa moral. De outra forma, preciso também ser sincera e lembrar que você não tem sido exatamente uma pessoa com a qual eu queira dividir algo. E eu não sou exatamente aquilo que você imagina de uma mulher. No final das contas a culpa é de ambos, ou podemos dizer que de nenhum de nós, tudo aconteceu cedo demais, da forma mais intensa e, também dessa forma, tudo se desgastou na mesma velocidade.

Eu te amo e não quero crer que o quanto você diz que me ama sejam só palavras. Você me ama, eu sei. Mas para que as coisas se acertem e que o foi eterno em nós possa permanecer agradável ao espírito, eu me permito ir.

Adeus.

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A brincadeira consiste em terminar um namoro por carta, estava louca pra que alguém me propusesse, e é claro que foi ela. Passo para Ana Maria, só pra ela, por uma simples curiosidade.

21 agosto, 2009

se você se apaixonar por mim, fugimos?

Que delícia seria conhecê-la e apresentar-lhe a fria Belo Horizonte dos meus olhos. Mas ainda quando à noite penso mais e mais, imagino diálogos possíveis de uma madrugada inteira com essa minha amiga de uma vida toda que é ela.

Sorri quando me olha e ainda declara infâmias pelo prazer de me arrancar um rosnado, mas ainda assim é doce, é linda. E na esperança de vê-la eu deito e caminho em sonhos até o seu leito, onde brindo o silêncio do seu sono com um beijo de boa noite.

angustiada. assim. perdida.

de todas as vidas que vivo
não sei se são vidas alheias
nem sei se são de fato vidas
ou se sou eu que vivo
ou se eu vivendo posso chamar cada vida de minha.

16 agosto, 2009

soberba, petulância e outra coisa que já me esqueci

Estávamos nós, confeitando nosso bolo, quando nos descobrimos maravilhosas demais para o mundo. E concordando que toda maioria é estúpida, cremos que não há nada de errado conosco, mas com a maior parte que não nos compreende. E dormimos em paz.

09 agosto, 2009

J'adore aussi

Diana, sempre Diana, me presenteou com mais uma delícia de selo. Dessa vez, a sofisticação foi tal que o selo veio en français:




E aqui é assim: p'ra ficar bonito, multiplicamos os presentes. Minhas adoráveis são:

Diana. Maria Helena. Thayane. Ana Maria. Clarinha Gomes. Remer. Gustavo. Elba. Boris. Eve.

adoro ventochocolatetravesseirolivrosbeijo nãonecessariamentenessaordem.

*para ver os outros selos que este blog já recebeu, clique aqui.

05 agosto, 2009

(lat speculu)

"O meu peito deseja e, estranho, persegue as palavras que faltam ao meu truncado sentido. No desassossego, acabei por entender a necessidade da vida/morte das coisas - eu mesmo me dividi em vários pedaços mortos/vivos pouco delimitados. Foi o inverno que trouxe o tempo; o excesso trouxe a maldita sensação de que sei das coisas: não há no mundo alguém mais obstinado em me pertencer que eu, alguém que pretenda mais conhecer-me que este indivíduo que me habita.

(...)"



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