26 junho, 2009

(sem título XVII)

[...]




o anonimato me persegue como um gato
a multidão me enxota como um cão
- e no zoológico ninguém me aceita
por não ser rara.



23 junho, 2009

Inconfessável

Já disse que estava em dúvida, já disse que tenho certeza, disse que gosto de você, disse que te adoro. Já disse que me perturba e, mesmo sem dizer, você sabe que não consigo ficar muito tempo te olhando. Confessei, meio a um sussurro, que o beijo que eu queria não era bem aquele, que quando beijo sua mão é porque queria te molhar a boca. Eu confesso meus desejos e depois me arrependo e depois me esqueço e me confesso de novo.

Eu imagino uma existência hipotética de "nós", confesso.

21 junho, 2009

Fofa!

Diana Borges, em seu peculiar momento de delicadeza, me considerou uma FOFA e me deu um selo. O selo ao lado. É claro que se tratando de Diana, eu sou tentada a desconfiar que ela me chamou de GORDA, na cara dura. Por ter recebido o selo, eu devo brincar de siga o mestre e cumprir algumas regras. Adoro esses RPG's bloguísticos...


So, well... O questionário a seguir é parte do trato:


1- MANIA: Das tantas, a pior é morder os cantos da boca quando estou com raiva. Até sangrar.

2- PECADO CAPITAL: Gula. Vaidade. Ira. Preguiça.

3- MELHOR CHEIRO DO MUNDO: O meu. Uai. Eu acho.

4- SE DINHEIRO NÃO FOSSE PROBLEMA EU: Compraria livros e viajaria. Pra longe.

5- CASOS DE INFÂNCIA: Eu tive um poodle que ela epilético. Com o tempo, a dosagem do remédio foi aumentando até chegar ao ponto em que ele só dormia, nem comia mais. A solução foi sacrificar. Então minha mãe me disse que o cachorro seria sacrificado, mas eu não sabia o que "sacrificado" significada. Então, na minha cabeça, eu entendi "crucificado", por que eu fazia aula de catequese e sabia o que "crucificado" significava... Foi uma associação natural de cabeça de criança. Sei que fiquei um tempão achando que meu cachorrinho tinha sido morto pregado numa cruz. E pensava: "Que judiação, não podiam ter matado o Pituchinho de outro jeito???"

6- HABILIDADES COMO DONA DE CASA: Cozinho bem. Eu acho.

7- O QUE NÃO GOSTA DE FAZER EM CASA: Guardar louças.

8- DESABILIDADES COMO DONA DE CASA: Varrer. Mais espirro que varro.

9- FRASE: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (O Pequeno Príncipe - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY)

10- PASSEIO PARA ALMA: Chocolate, Bacardi, amigos. Sessão de cinema com minha irmã...

11- PASSEIO PARA O CORPO: Dormir.

12- O QUE ME IRRITA : Meu mau-humor.

13- FRASE OU PALAVRA QUE FALA MUITO: Neam?

14- PALAVRÃO MAIS USADO: Cacete!

15- DESCE DO SALTO E SOBE O MORRO QUANDO: Me entendem mal.

16- PERFUME QUE USA NO MOMENTO: Humor nº 5, de Natura.

17- ELOGIO FAVORITO: "Adorei seu blog!" Que foi? Não é p'ra ser sincera?

18- TALENTO OCULTO: Sei lá... tá oculto, né?

19- NÃO IMPORTA QUE SEJA MODA NÃO USARIA NEM NO MEU ENTERRO: Botália, sandaliota... sei lá, aquelas coisas que misturam sandália com bota, que coisa horrível...

20- QUERIA TER NASCIDO SABENDO: Como ganhar dinheiro.

21- EU SOU EXTREMAMENTE: Chata.

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Como segunda parte, indico cinco fofas. Eu possivelmente indicaria as óbvias:
Bazinha, Luísa, Mariana, e a própria Dica... Mas decidi inovar... Então aí vão minhas cinco fofas:

1- Renata, do
Doce de Lira.
2- Hosana, do
Esboços e Cores.
3- Thayane, do
Las Teorías.
4- Mary Hellen, do
Caleidoscópio, e
5- Fernanda, do
Chave do Delírio.

Essas são as fofas. Algumas estão começando agora, mas são mesmo muito boas. Muito lindas. Muito fofas.

That's all, folks. Thanks, Diana!

19 junho, 2009

Raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'



"Raindrops keep falling on my head,

But that doesn't mean

My eyes will soon be turning red

Crying's not for me

Cause I'm never gonna stop the rain

By complaining

Because I'm free,

Nothing's worrying me!

It won't be long,

Till happiness steps up to greet me."

17 junho, 2009

deliberação ao acaso sobre você, você.

É estranho pensar que sua lembrança de primeiro beijo, se houver, será o meu beijo. E que se for além, eu serei a primeira em tantas outras coisas para você. É, talvez, um peso que eu não queira carregar: ser, de alguma forma, sua Diotima.

12 junho, 2009

Sobre a sobrevida

Se é verdade que não temos tempo
e que eu não duro tanto mais nesta vida
eu devo me permitir te beijar sem culpa
- sem a culpa de alguém que viverá eternamente.

Se é verdade, porém, que há muito tempo,
mas que não importa - a morte é mesmo o fim -
eu, assim, devo me permitir te beijar sem culpa
porque após a morte só há o nada.

Se a verdade é que tenho tempo e ainda há mais:
existe culpa, julgamento e inferno
eu, então, devo me permitir te beijar sem culpa
porque tenho outros pecados piores, mais horrendos e menos perdoáveis.

Se, por fim, houver um deus decidido a me redimir
e é verdade que ele me ama apesar de tudo
eu, com certeza, devo me permitir te beijar sem culpa:
esse deus há de entender que te quero demais.

09 junho, 2009

Eu não te quero parecer estranho quando entrelaço meus dedos aos seus
e me confessar demasiado triste por não te escolher.

Ou ainda confessar e,
ao confessar,
ser excessivo.

Te perder amiga e te perder mulher.

Eu prendo e aperto seus dedos.
Eu poderia - não mais agora - te permitir sair.
Eu escutei suas queixas e suas defesas e agora sei que não te posso abandonar,
ainda que não-fazê-lo seja o mesmo que me perder.

De maneira superficial, eu acredito, você supõe verdades a respeito da minha mentira
e limita sua compreensão ao que eu tento esconder,
ao meu tempo gasto admirando o nada
com o olhar perdido
admirando você em mim, dentro de mim.

05 junho, 2009

Querido amigo,

Sei que lhe devo uma carta física, uma dobrada e envelopada, remetida por vias normais às quais uma carta deve se prestar, mas na urgência de dizer-lhe algumas coisas, não encontro outra forma. Sinto uma angústia inconveniente (eu diria perturbadora, mas qual angústia não o é?), resultado de incertezas que surgiram ao longo dos desesperos que criei. Talvez seja hora, amigo, de renunciar aos edifícios inacabados e iniciar uma nova construção. Uma mais digna, menos fadada ao fracasso. Hipoteticamente, é claro. Que certezas temos nós nesta vida?

Sinto se, mesmo ausente, recorro a palavras distantes. Penso que talvez seja hora de abandonar velhos hábitos. Até me deprimi (e acho que ainda não me recuperei) ao me perceber diferente demais, tantas vezes (quantas sejam possíveis afirmar) pior do que aquilo que eu já detestava em mim. São essas certezas avassaladoras que derrubam um ser humano de joelhos e jamais o colocam de pé novamente. E eis que, quando nem eu era capaz de me amar, surge um alguém que se diz orgulhoso ao meu lado. Meu prédio antigo estremeceu.

Que faço eu, amigo? Quais são meus parâmetros de felicidade?, onde encontro?, será que tento? Não consigo nem mais dormir, só penso, penso, penso, penso e penso tanto e desejo tanto que os beijos chegam a se soltar dos meus lábios a procura do par, mas morrem na dúvida da possibilidade. Suas mãos são quentes e seu coração intenso. Oh, ele tem um coração, amigo, e funciona.É tão sincero e sempre se apressa em me confortar, cuida de mim e do que sinto por ele. O que eu sinto, aliás, é cada vez maior. E, ainda que me cause tantas perturbações, eu arriscaria por ele meu maior edifício.

Desculpa-me a falta, se não lhe procurei ou nem mesmo dei notícias. Mas se lhe escrevo tão repentinamente é porque sei, amigo, que mais ninguém me poderia entender. Deixo cá meu abraço, meu beijo e minha alegria em compartilhar minha tristeza. Não aguardo solução, apenas uma resposta querida. Querido.



Sempre tua,

Carmen.

Entre-meios de lidar com a perda

Eu não mereço o mar.
(Eu) sequer (mereço) beijos de brisa
- eu não mereço!
Não tenho metais ou pedras,
nenhum valor possuo que não o meu
que é bem pequeno.

Me espere acordar.
Eu ainda não preciso.

Jamais andei descalço
(com os pés carregando poeira).
Eu não deveria
- ninguém deveria -
te oferecer palavras menores que as suas.
Não conheço o prazer da neblina;
de tatuar, em mim, o arrepio;
sinto falta da desconhecida madrugada fria.

Só as letras me mergulham quando já me encontro afogado.

Acabou-se, nos detalhes, a exploração dos meus pedaços.
E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu adeus é repleto de até logo.

São cinco ou seis estrelas sustentando meus pés, sustentando meu nada além de mim.

Serei sempre eu rasgando as malhas, rompendo a pele.
Deixar de esperar é ainda uma angústia maior.
Ainda morro
de tanta individualidade.

Eu me sinto mal por não saber lidar com gentilezas, por ser ingrata, por não ter um só bom sentimento, tendo tantos impulsos que me levem a ter. Me sinto mal quando a vida me é excessivamento gentil; quando não há perturbação, eu me perturbo. Em me sinto mal por ser eu, por não ser mais eu, por ser tão eu, por estar presa a mim, por ter me abandonado. Eu não posso continuar.

E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu até logo é repleto de adeus.