27 junho, 2011

(ar)Rasto

Eu, no teu encalço,
farejo pelas vielas e becos.
Procuro as promessas feitas,
as pichações cegas,
as provas do assassínio que cometeste contra o meu amor.
Tua imagem, que me é quase uma ofensa,
atravessa meu pensamento à mínima suspeita do teu perfume.
Esvai-se, esvai-se
sem nunca perder, de fato, a forma de quem constroi sonhos.

Não te sigo,
sigo teu rastro. Sigo o passo apagado pelos dias.
Miseravelmente,
sigo o vestígio de onde penso que esteves.

E dou contigo às caras
punindo-me por ser lento,
por não acompanhar-te a tempo.
Eu nego, tu sofres,
eu juro, tu injuria-se.
Assumo o erro que não tive,
faço-me vilão.
Perdura-se, perdura-se.
Eu me perco, sem logro, onde jamais me encontrarei.