15 maio, 2009

Primeira mulher

Nasceu cega.

Até que um dia morreu.

ou

Nasceu cega. Chamaram-na Helena. Não aprendeu braille, não reconheceu vozes. Não namorou, beijou ou acariciou alguém. Não estudou. Não trabalhou. Só comeu o que lhe era permitido. Não brincou com criança alguma, não correu atrás de cães, não afundou as mãos no barro. Não soube o que era barro. Nunca passeou. Jamais teve amigos. Jamais teve diário ou o que escrever em um. Não conheceu poesia. Nunca dançou. Não teve fé. Não conheceu esperança. Não valeu a pena. Não era nada. Não foi nada.

Até que um dia morreu.

6 comentários:

Gustavo Ruzene disse...

no fim sem viver...
de qualquer maneira...
para econoizar dedo...
fico com a primeira versão...

DBorges disse...

Uma vida em vão.
Por não gostar de resumos fico com a segunda..

Vinícius Remer disse...

Que vida triste. A primeira a sofrer,a primeira que trouxe outras tantas como ela...

Unknown disse...

mas eu aposto que há uma terceira versão...

Lupe Leal disse...

me mande aquela carta.

Circo Golondrina disse...

Aposto que era uma cega que podia ver. Mas não quis.