29 outubro, 2010

Do céu que há ao céu que entra

Não há como interpretar o azul
sem crer que haja sobre nós
um grande véu que se desfia
e nos descobre pela noite.

Pois não é azul o céu,
é infinito colorido.
Como não há céu-mar, lua-peixe,
nuvem-bóia, estrela-gente.

Não importa o que se vê,
mas o infinito que o olho não alcança.
O céu se veste de azul
e revela-se nu mais adiante.

Não há no homem infinitos
nem plenitude que, no infinito, caiba.
Há no homem a conta de tudo:
o tempo e o céu, explica-os, equivocado.

Mas há céu? É certo que há.
Há um imensurável céu
e vida, de possibilidades sem fim.
Um céu que entra no primeiro suspirar.

Ao que contempla, deslumbre;
contando estrelas, possível fosse.
Do céu que entra não sabe o homem:
um buraco negro lhe engoliu a vida.

Não é céu azul o que permeia dentro
tampouco o céu que regressa eterno.
No homem, olhos fixos e corpo firme;
e dentro, toda natureza de explosões.

Não é azul o céu, não tem matizes
mas azul é visto e nomeado.
Assim, ilimitado, é o ser que o abriga
enquando crê-se finito na pele.

Nenhum comentário: