27 julho, 2009

Da janela.

Antes de dormir se olhou no espelho e penteou os cabelos como se houvesse um pretexto, como se precisasse. Sentiu frio e notou o balanço descompromissado da cortina. Era a janela. Andou, passos lerdos, abriu as cortinas, lá estava: janela escancarada. Cruzou os braços sobre o peito e cobriu os ombros com os dedos finos. A pele arrepiou. Olhou para o alto e não viu a lua. A varanda mal planejada cobria parte do céu e o que restava era encoberto pela altura dos edifícios ao redor. Não queria mesmo ver a lua.

Olhou então pelas inúmeras outras janelas que enxergava, procurando uma cena inusitada. Não encontrou nada, era tarde, que raios buscava nas janelas alheias? Agarrou as maçanetas das janelas, deu um suspiro sofrido e, enquanto cerrava os vidros, viu a janela bem em frente a sua se iluminar. Quem seria àquela hora? Quem, além dela, ainda não dormira naquela madrugada fria? Ninguém.

Um comentário:

DBorges disse...

Insônia seguida de devaneios.

Bela mistura!