23 fevereiro, 2010

O porquê de estar

Sobre suas confissões
- devo confessar -
agradeço mais quando tu te deprimes
que quando sua voz se exalta
e mal cabe em ti teu segredo.

São as horas,
agora,
que atravessam sua chegada.
Quando percebo,
não mais te vejo no navio que partiu.
Não vejo o navio.
O horizonte,
antes linha,
desafia, sem mérito, a fronteira do mar
quando chega a noite.

E chegas assim,
úmida de sereno em qualquer noite que queiras,
sem o ranger de portas ou o ladrar de cães,
a ventar baixinho em meus sonhos
evitando acordar-me.
Mas brilha qualquer luz quando tu te aproximas
que mesmo meu corpo cansado
se ergue a buscar teu hálito.

E teu beijo me acompanha enquanto estás.
Quando falta,
não sei bem que nome se dá,
é a angústia quem morde-me e desperta-me.

Sobre minhas confissões
- isso é certo -
não sei porque sempre estás
e nunca és.

Um comentário:

DBorges disse...

Ando tão difícil, tão dura que a poesia tem sido impossivel de se entender aos meus olhos.
Tem remédio pra isso?

Saudade das tuas palavras que as vezes me diz muito, noutras não me diz nada.