30 maio, 2010

Faminta

Ando faminta,
garfando o peito vazio.
Meu coração não é senão uma tigela rasa
e todo amor que nele estava
eu já comi.

Eu já comi e estou faminta.

Vago, dolorida,
mendigando o peito alheio.
Passo com os olhos carentes
e quem me vê sente um pena desgraçada da minha desgraça.

Já me foram todas as tripas e vísceras.
Nada de amor me resta.

Meu estômago fundo: não tem feijão.
Minha cabeça afunda: está vazia.
O meu peito aberto: solidão.
Sofrimento, ao menos, p'ra poesia.

Um comentário:

Má Khalil disse...

Decretaria que não deverias sofrer. Estas, talvez, foram as palavras mais triste e lindas que li hoje.