06 maio, 2010

Sobre a brisa, o que eu digo

Acordou à beira mar - já era dia!
Era a brisa aliviando a areia quente.
Qual sonho era este que ora vivia?
E que peça lhe pregara sua mente?



Sobre a brisa, o que eu digo é que ela foi
e o vento nem mais veio beijar-me.
Foi na brisa minha inconstante paz
e eu sinto falta agora, mais que tudo.

Dois pedaços de fundo de rio.
Duas poças de lama barrenta.
Dois olhos castanhos, cor de terra.
Duas janelas com vista para a montanha.

Sobre a brisa, o que eu digo faz sentido:
ela é minha. Ela vai, mas sempre volta.
Haverá um dia em que eu irei distante
e não mais terei olhos de esperança.

Duas superfícies claras de rio doce.
Duas esmeraldas cravejadas em pele.
Dois olhos verdes, cor de botão de lírio.
Duas janelas com vista para o céu.

Ainda sobre a brisa, não mais importa:
agora ventam em mim outros ventos.
Mas está em mim jamais ter asas
e só voar em pensamento, sozinha.

Um comentário:

DBorges disse...

Nem em pensamento eu tenho voado..

O engraçado é que lembrando do que você me enviou via sms e lendo hoje sua casa, as coisas se encaixam pra mim.