Muito mais estrelas divididas
e
não!, ninguém viu.
O grito foi mais fundo que a espada
roupas rasgadas ao pé da cama
não foi esta a cena que imaginei.
30 julho, 2010
(sem título XXI)
Flamejantes verdades se acendem no decorrer da noite.
A alegria justificada não demanda paz, sequer motivo.
A vida acontece
breve, calorosa e tardia.
Luminescente incógnita cujo tempo é o instante do agora.
É mais fácil sobreviver morando em um bolso que em um coração.
Melhor não ser nada no mundo,
melhor não ter foco.
Melhor deprimir que amar.
Melhor silenciar.
A poesia está além da perspectiva invisível, a poesia não é subjetiva.
Mais que a lembrança (e)terna,
surge o riso e o sorriso indecente diante da injúria.
A vida não acabou,
mas bem que poderia.
Cada passo diz bem mais que uma tarde inteira, mas não é tudo.
É um registro eterno do que morre
e de só fazer sentido enquanto morre.
Mas é esta a certeza que falta à vida, o avesso não é a morte.
A alegria justificada não demanda paz, sequer motivo.
A vida acontece
breve, calorosa e tardia.
Luminescente incógnita cujo tempo é o instante do agora.
É mais fácil sobreviver morando em um bolso que em um coração.
Melhor não ser nada no mundo,
melhor não ter foco.
Melhor deprimir que amar.
Melhor silenciar.
A poesia está além da perspectiva invisível, a poesia não é subjetiva.
Mais que a lembrança (e)terna,
surge o riso e o sorriso indecente diante da injúria.
A vida não acabou,
mas bem que poderia.
Cada passo diz bem mais que uma tarde inteira, mas não é tudo.
É um registro eterno do que morre
e de só fazer sentido enquanto morre.
Mas é esta a certeza que falta à vida, o avesso não é a morte.
Passarada
Sê-de poeta
São tranquilos os passos inconscientes
que não buscam no chão o passo seguinte,
que não perdem o caminho ou não importam-se em perder,
que sentem o chão como nuvens vazias,
ue tropeçam e caem, sem perceber.
Os pássaros, mudos, invejam o andar.
Com que plenitude poderiam fazê-lo?
São tranquilos os passos inconscientes
que não buscam no chão o passo seguinte,
que não perdem o caminho ou não importam-se em perder,
que sentem o chão como nuvens vazias,
ue tropeçam e caem, sem perceber.
Os pássaros, mudos, invejam o andar.
Com que plenitude poderiam fazê-lo?
O teu olhar em cacos
e a paisagem em cacos.
Os teus lábios em cacos
dizendo palavras em cacos.
Teu coração em cacos,
teu amor em cacos,
tua esperança em cacos.
Tu és um todo despeçado sobre um íntegro vazio.
O poema se vestiu de nuvem
e no horizonte adormeceu lilás.
E o frio que seguiu foi culpa do vento:
espalhou a poesia em gotas
.
d'aqui.
25 julho, 2010
24 julho, 2010
23 julho, 2010
Prefácio do amor
Dizer o que sente não basta:
sempre se questionará da verdade dos olhos de quem diz e...
(silêncio)
por mais que tente,
não há nada que diga algo
que não a boca
em que não confiam.
(suspiro)
Dizem que deve-se querer em atos e amar em essência,
mas os atos são mudos e...
(lágrima)
basta confiar nas raras palavras
se desejar,
de alguma forma,
ser amado.
(suspiro, suspiro)
sempre se questionará da verdade dos olhos de quem diz e...
(silêncio)
por mais que tente,
não há nada que diga algo
que não a boca
em que não confiam.
(suspiro)
Dizem que deve-se querer em atos e amar em essência,
mas os atos são mudos e...
(lágrima)
basta confiar nas raras palavras
se desejar,
de alguma forma,
ser amado.
(suspiro, suspiro)
22 julho, 2010
Página
Quando desenho tuas pernas, estas enlaçam meu pulso antes que eu chegue a acariciar teu ventre à caneta. Depois de alguma diversão surgem, na ponta, teus mamilos sensíveis e rijos. Não vejo teu rosto, que ainda não o fiz, mas tuas pernas retorcidas me demonstram a volúpia dos meus toques.
Faço-te os braços, mãos e pequenos dedos. Contorno tua face e, mal surge tua boca, dela escuto um gemido contido até então.
Teus olhos inauguram-se estrelados e me seduzem enquanto eu, cuidadosamente, desfio teus cabelos em fios longos de tinta.
Completa e saciada, és agora a figura de mim.
Faço-te os braços, mãos e pequenos dedos. Contorno tua face e, mal surge tua boca, dela escuto um gemido contido até então.
Teus olhos inauguram-se estrelados e me seduzem enquanto eu, cuidadosamente, desfio teus cabelos em fios longos de tinta.
Completa e saciada, és agora a figura de mim.
21 julho, 2010
Minha criança, meu menino.
Um tanto tarde chega esta despedida, e eu justifico dizendo que desisti de algumas palavras que já foram ditas e de outras que já não cabem mais.
Mais que que me ocupar, tua presença me levou a caminhos desconhecidos. Senti-me desbravadora e, muitas outras vezes, uma criança sozinha na mata. Foram tuas mãos que me levaram até lá. Hoje, vejo todos os detalhes como quem assiste a uma cena, distante. Vejo seus olhos. Vejo grandes e brilhantes farois fitando-me, investigando a proporção das minhas verdades e, em verdade, pouco interessado nas verdades mentirosas que eu insistia em revelar. Eu já havia sido revelada, mas me dou conta somente agora.
Minha maturidade se jogou do topo da tua inocência. Deitei no teu colo e fui eu a menina sem passado que nasceu ali, só sua. De muitas formas, meus sentimentos viajaram pelos teus; alguns, jamais regressaram.
Ao tentar transformá-lo, eu me esqueci de cravar os pés no chão. Vazia de tudo, voei nos teus braços. Tu vais e, entendas, eu estou caindo. Doi, porque não sei de onde parte o abandono, por tê-lo abandonado antes, sem saber do que viria depois. Eu ainda sinto tua presença, ainda que tua ausência me venha bater à porta.
Sobre minhas últimas palavras, foram sinceras. Eu te amo.
Mais que que me ocupar, tua presença me levou a caminhos desconhecidos. Senti-me desbravadora e, muitas outras vezes, uma criança sozinha na mata. Foram tuas mãos que me levaram até lá. Hoje, vejo todos os detalhes como quem assiste a uma cena, distante. Vejo seus olhos. Vejo grandes e brilhantes farois fitando-me, investigando a proporção das minhas verdades e, em verdade, pouco interessado nas verdades mentirosas que eu insistia em revelar. Eu já havia sido revelada, mas me dou conta somente agora.
Minha maturidade se jogou do topo da tua inocência. Deitei no teu colo e fui eu a menina sem passado que nasceu ali, só sua. De muitas formas, meus sentimentos viajaram pelos teus; alguns, jamais regressaram.
Ao tentar transformá-lo, eu me esqueci de cravar os pés no chão. Vazia de tudo, voei nos teus braços. Tu vais e, entendas, eu estou caindo. Doi, porque não sei de onde parte o abandono, por tê-lo abandonado antes, sem saber do que viria depois. Eu ainda sinto tua presença, ainda que tua ausência me venha bater à porta.
Sobre minhas últimas palavras, foram sinceras. Eu te amo.
19 julho, 2010
Não há de ser nada
Não há absolutamente nada de errado contigo:
teus olhos vêem,
tua boca fala,
teus ouvidos escutam.
Na dúvida, conferes:
tua imagem reflete ainda.
Tu existes.
Não há de ser nada, pequena.
Mas suspira.
Suspira que não será hoje o fim,
nem amanhã,
nem dia qualquer seguinte a este.
Não cabe em tua dor uma razão.
Não cabe em tua palavra uma razão.
Não cabe razão em ti, pequena.
Não há de ser nada o que tira o teu sono.
Não há de ser nada tua angústia.
Não há de ser nada.
Absolutamente, nada.
teus olhos vêem,
tua boca fala,
teus ouvidos escutam.
Na dúvida, conferes:
tua imagem reflete ainda.
Tu existes.
Não há de ser nada, pequena.
Mas suspira.
Suspira que não será hoje o fim,
nem amanhã,
nem dia qualquer seguinte a este.
Não cabe em tua dor uma razão.
Não cabe em tua palavra uma razão.
Não cabe razão em ti, pequena.
Não há de ser nada o que tira o teu sono.
Não há de ser nada tua angústia.
Não há de ser nada.
Absolutamente, nada.
06 julho, 2010
Miss LadyBug
Risonha, serena, a joaninha vive onde procura abrigo.
A Joaninha mora em lugar nenhum.
Explode de amargura dentro de sua carapaça colorida.
Sabe-se que seu coração não existe, mas que diferença faria se existisse?
A joaninha não chora, a só voa:
mora sozinha no jardim de ninguém.
Pequena,
quem foi que perguntou-lhe se queria ser graciosa?
E quem foi que escolheu?
A Joaninha cansa-se de si.
Recolhe suas asas.
Fecha a carapuça.
Nada busca, mora em si.
A Joaninha mora em lugar nenhum.
Explode de amargura dentro de sua carapaça colorida.
Sabe-se que seu coração não existe, mas que diferença faria se existisse?
A joaninha não chora, a só voa:
mora sozinha no jardim de ninguém.
Pequena,
quem foi que perguntou-lhe se queria ser graciosa?
E quem foi que escolheu?
A Joaninha cansa-se de si.
Recolhe suas asas.
Fecha a carapuça.
Nada busca, mora em si.
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