30 agosto, 2010

Lobotômica

Chegou o drama
sem que houvesse dor latente
para justificá-lo.
Apropriou-se da lágrima
para nela ser manifesta.
Quando passa a agonia,
porém,
nada resta que não a consciência clara e desnecessária do tempo que foi perdido
por um dia,
a cada dia,
sem que o próprio reflexo se deixasse morrer.

Chegou o sonho
sem que houvesse olhos abertos
para acompanhá-lo.
Apropriou-se do sono
para nele ser manifesto.
Quando passa a noite,
porém,
nada resta que não a vaga lembrança do inédito e incontrolável delírio perdido
por uma noite,
a cada noite,
sem que a própria existência se deixasse existir.

3 comentários:

Guilherme Navarro disse...

Absurda a forma como me identifiquei com essa obra prima. Até salvei no pc!

Camila P. disse...

que lindo isso, moça!
essas coisas de dramas e sonhos pegam a gente, sempre assim, de sopetão...

Camila P. disse...

que lindo isso, moça!
essas coisas de dramas e sonhos pegam a gente, sempre assim, de sopetão...