05 junho, 2009

Entre-meios de lidar com a perda

Eu não mereço o mar.
(Eu) sequer (mereço) beijos de brisa
- eu não mereço!
Não tenho metais ou pedras,
nenhum valor possuo que não o meu
que é bem pequeno.

Me espere acordar.
Eu ainda não preciso.

Jamais andei descalço
(com os pés carregando poeira).
Eu não deveria
- ninguém deveria -
te oferecer palavras menores que as suas.
Não conheço o prazer da neblina;
de tatuar, em mim, o arrepio;
sinto falta da desconhecida madrugada fria.

Só as letras me mergulham quando já me encontro afogado.

Acabou-se, nos detalhes, a exploração dos meus pedaços.
E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu adeus é repleto de até logo.

São cinco ou seis estrelas sustentando meus pés, sustentando meu nada além de mim.

Serei sempre eu rasgando as malhas, rompendo a pele.
Deixar de esperar é ainda uma angústia maior.
Ainda morro
de tanta individualidade.

Eu me sinto mal por não saber lidar com gentilezas, por ser ingrata, por não ter um só bom sentimento, tendo tantos impulsos que me levem a ter. Me sinto mal quando a vida me é excessivamento gentil; quando não há perturbação, eu me perturbo. Em me sinto mal por ser eu, por não ser mais eu, por ser tão eu, por estar presa a mim, por ter me abandonado. Eu não posso continuar.

E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu até logo é repleto de adeus.

Um comentário:

DBorges disse...

Encheu meus olhos d'agua.