08 novembro, 2008

Só me falta ser completo.

Somos nós, humanos, delimitados por conceitos. A finitude da vida. A existência/inexistência da alma. A necessidade. A culpa.

Amargura.

Não, não é uma crise existencial. Eu continuo a existir. Ao menos a pessoa por trás do nome que uso. Ou seremos a mesma pessoa? Enfim. Não é um problema em existir ou não, eu existo e ponto. É um problema com as condições nas quais existo. Pouco claro, eu sei.

Existe uma parte da magnífica da filosofia chamada ontologia. Platão foi o responsável por definí-la, em uma primeira instância (se bem me lembro). Se alguém mais o fez, na verdade, não me interessa. Platão fez maravilhosamente. A ontologia é o estudo do ser. E, embora sejamos levados a perguntar: "ser o quê?" por curiosidade ou por costume de achar que "ser" é verbo de ligação e quem é, obrigatoriamente, é alguma coisa, o "ser" só é. Tão absolutamente completo que sequer necessita de alguma coisa para ser. Ser basta. A ontologia sempre me impressionou. Aliás, serei sincera ao dizer que não sei se foi a ontologia em si, ou se foi Platão que sempre me enlouqueceu, ou se o acadêmico que lecionou que foi brilhante. Mas deve ter sido a ontologia mesmo... Não te causa arrepios?

É difícil entender. Tampouco aceitar. O ser humano é estranho demais pra isso. Tenta, a todo custo, absorver o universo ao seu redor. Talvez na tentativa de ser completo. Não basta ser. É necessário ser alguém. É necessário ter valores, ser amado. É necessário inventar, dizer. É tanta necessidade que me pergunto se eu sou ou se o que é são as coisas do mundo que agrego ao meu ser que, portanto, é. Sim, é claro que me incluo entre os seres humanos. Eu também absorvo o mundo para não parecer tão pequeno. Eu sou só mais um igual.

Eu me irrito com perguntas das quais não sei a resposta. Penso que talvez eu não deveria poder questionar esse tipo de coisa. Ou talvez a pergunta seja um tipo de conhecimento. E é, se pensarmos que só chegamos a um questionamento pela incerteza. A incerteza é uma certeza ao contrário, tão certa quanto. Que confuso!

Me desculpem. Não tem sido uma boa semana. Eu tenho semanas terríveis e elas me levam a conclusões ainda piores. E penso, às vezes, que já não estou na idade de questionar. Às vezes acho que falta muito pra ter certeza. Mas quando surge um vazio (ou quando o percebo) eu fico meio morto, meio sem querer ser nada. Na verdade, não me falta muita coisa. Só me falta ser completo.

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