08 novembro, 2008

E o tempo (s)urge

Eis que envelheço. Aos vinte e um eu já tenho pequenas porções de pele enrugadas ao redor dos olhos e da boca, acho minhas orelhas e meus nariz enormes, tenho um gosto musical duvidoso, sou ranzinza e deliro. Envelheço. E é tão triste, tão decadente, que essa velhice chegue antes da hora que deveria chegar, supondo que há uma hora pra essas coisas.

Aliás, decadente é a velhice chegar em qualquer hora, anunciando a morte, esculpindo o fim nas feições. Biologicamente, eu sei, é um processo inevitável. Aliás, penso que só acontece porque o sangue corre. Se o sangue andasse, teríamos no mínimo uns trezentos anos de juventude antes de começar a perecer diante da vida. Na verdade, tanto faz. A verdadeira expectativa de vida é a morte.

Mas, envelhecer... é mesmo necessário? Eu não entendo toda a comunidade científica se mobilizando para descobrir a cura do câncer, ou da AIDS, ou do Alzheimer... Alguém aí já se perguntou cadê a cura da morte? Porque, sinceramente, pra mim tanto faz morrer de pneumonia, acidente de avião ou dormindo. Melhor mesmo seria não morrer. Ou, se for pra morrer, morrer jovem, antes de se tornar decrépito e senil.

Não existe honra em envelhecer. Não importa os grandes feitos da vida depois que você se torna dependente e miserável. Envelhecer "mentamente jovem" deve ser ainda pior, ver seu cérebro em plena atividade aprisionado num corpo que já não se agüenta. Andei reparando como os idosos se movimentam lentamente. Acho que não tem nada a ver com a sustentação física. O fazem, simplesmente, para prolongar o que pode ser seu último movimento. Esperar a morte chegar naturalmente é brincar de roleta-russa com o tempo. Coisa mais deprimente.

Pois é mesmo uma pena que a experiência venha com a velhice e não antes dela. O que fazer com tanta experiência quando não se pode experimentar mais nada? Pode ser uma visão equivocada, mas não quero envelhecer. Aliás, no ritmo que vou indo aos vinte e um anos, não precisarei de mais do que trinta para estar completamente caduco.

3 comentários:

Luciana Brito disse...

Oi ^^

Esse texto me lembrou as aulas de desenvolvimento que estou tendo na facul, exatamente sobre velhice.

Envelhecer é estranho.
Se olhar no espelho e se ver diferente.
Tem medo de morrer?

Abraço.

F. disse...

hahahha "se o sangue andasse"!


eu tb tenho rugas...... comprei até um creme anti-rugas um dia desses, p/ preencher os sulcos (tá escrito na bula do creme que preenche!)

B.Blues disse...

... é!! Tá foda. Cê tá foda escrevendo!