31 dezembro, 2009
Feliz Vida Nova!
27 dezembro, 2009
Daquele que partiu.
01 dezembro, 2009
BLOGAGEM COLETIVA
Por enquanto, só um fim de semestre arrasador que quase não me deixa pensar na minha casa. Vive às traças, pobre ela. Férias virão, e eu estarei de volta.
Até lá!
25 novembro, 2009
BLOGAGEM COLETIVA - VOTAÇÃO
24 novembro, 2009
BLOGAGEM COLETIVA - Um conto de amor com cheiro de néctar de flor
08 novembro, 2009
Well...
Aquela com a qual eu posso contar. Sempre.
- Alguns blogs te conquistam?
Claro que sim! Aqueles pra quem vou dar esse selo, por exemplo.
- Dez coisas que não saem da sua cabeça:
I'm a believer.
Chocolate.
Blog.
Dinheiro.
Saudade.
Férias.
Sono.
Beijo.
Carinho.
Pepinos e abacaxis.
- Complete cinco frases:
Eu já... tô cansada desse ano.
Eu nunca... cumpro minhas promessas.
Eu sei... que algumas coisas eu não posso fazer. Mas eu tento.
Eu quero... uma vida nova, mas fica pra ano que vem.
Eu sonho... depois acordo e vou trabalhar.
Essa brincadeira vai pra dois novos amigos: Palavra de Alice e Néctar de Flor
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That's all, folks!
26 outubro, 2009
'o asfalto' ou 'como esquecer da vida em uma manhã de segunda'
E tudo o que passou é tão vazio, não nos resta a lembrança. Eu espero ainda sobreviver.
25 outubro, 2009
Não sei como entender isso.
Depois ela desenhou alguns corações para mim.
Lua, da lua, sobre a lua
são luzes que refletem, são sombras, são manchas.
Não, ela não vê e muito mais se interessam por ela que ela por qualquer coisa.
Ela não sabe.
Parece a lua, mas isso é sobre você e seu reflexo.
Mas se pedir, terá:
o tudo é possível para aquela que ilumina a noite.
Não, ela não nega e muito mais oferece que qualquer um a ela.
Ela não precisa.
Parece a lua, mas isso é sobre você e sua vontade.
23 outubro, 2009
"Da caixa vermelha e do que ela guarda" ou "Como me faz falta"
Minha caixa está cheia de cartas, fotos e lágrimas. Saudosa de um tempo não tão antigo assim, só distante. Distante, mas que não se perdeu. É possível recuperar meus desejos na sua voz ou nos seus convites; quando apagados, reflete nos meus olhos o brilho dos seus ao me ver. Entre nós é recíproco, mútuo e equivalente.
Ainda assim, distante. O tempo das cartas e dos segredos. Motivo para as declarações, os endeusamentos, as confissões. É verdade que jamais precisamos de razões ou causas para adorarmos-nos. É grande a saudade. E veja como agora eu vejo: ah! essa saudade já é uma dor.
Sequência
Os pés se movem enquanto os lábios calam.
Abre-se a boca ao firmar o pé no chão.
O pincel contorna as cores, mas
- bem -
isso não importa.
Eu ainda posso ver o amarelo fugir dos ângulos e escorrer pela tela.
Não importa,
não importa.
O contorno não importa.
Ela corre
- eu vejo a cena -
e, sem limite, grita.
Joga-se no vento, plana e pousa
Morre ao fim do dia, em casulo, a linda moça do cinema mudo.
04 outubro, 2009
Eu pensei que seria simples dizer
30 setembro, 2009
Selos =D
29 setembro, 2009
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
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Alguns poemas são, por essência, eternos. A eternidade, no entanto, não se justifica pela mão que os escreve, mas pela mente que o recorda. "Mãos dadas" era em mim um poema esquecido. Ao relê-lo, no entanto, me vieram à mente todos os meus amigos, inacreditavelmente unidos a mim, todos de mãos dadas.
Agradeço-os, pois me sinto abraçada.
Alana-Mariana-Diana-MariaHelena-Vitor-LuizFelipeLeal-Lúcia
28 setembro, 2009
Noite
quando começa a noite fria.
Percebo ainda que venta pouco e os minutos se arrastam até o breu.
As luzes se acendem, os bons se encondem, sobra eu.
Até que era uma noite fria, não muito fria, mas ventava e ventava frio quando eu adormeci. Em pouco tempo retornei a mim e, acordada, percebi que estava frio, mas era difícil ver, perceber as cores. Um só copo de absinto, açúcar, água. O contorno do copo simplesmente vazio, um gosto acre na boca, o corpo pesado, as palavras misturando e queda. Foi ao chão a embriaguez e todo o peso do insustentável. Dores submersas em gelo, cortes comprimidos por lenços. Mais tarde, banho. Sono. Sonho. Manhã.
18 setembro, 2009
(sem título XX)
pois me pedem o sublime, o intenso, o impossível - do verso concreto o mais palpável e do abstrato, o mais intangível. Na minha incompetência, exigem minha renúncia ("abandone as folhas, as canetas, os propósitos...") e no mais, não renuncio. Foram-se os dias que busquei compreensão. Sou ainda menos exigente comigo, que sou nada, e busco menos em mim que nos outros que me buscam. Se resta ainda a interrogação do objetivo que mesmo nada procura que não a própria intensidade, a própria lógica ou a própria consistência. E acabam esbarrando em mim quando encontram o mais sublime, intenso e impossível dos significados.
Reuniões
O pedaço da pele que toca o chão determina o quanto do ser se realiza. Nunca é muito nem parece ser, mas quanto mais pesa no indivíduo seus sonhos, mais seus calcanhares doem por não suportar o desequilíbrio de suas proporções. É assim ao final do dia, quando os joelhos desejam dobrar-se; distribuir, pelo corpo, a carga.
Talvez eu seja só parva
e do amor nada saiba
que não aquilo vivido.
Do amor: quanto vivi?
Amanheceu e a paz mais pura renasceu com o sol. É bem verdade que o sol não dormiu, tão ansioso quanto nós pela viagem - mas o que dizer? - e na minha manhã não se manifestaram mais os desgostos passados. Ardente, durou o bastante para que o azul se estendesse para além dos limites do horizonte. Os montes brancos brotavam da verde grama e atingiam, no topo, as nuvens pálidas, aquarelando a mata de orvalho. O sol atravessou a neblina. Era dia!
Adormece
30 agosto, 2009
(sem título XIX)
Descobre na boca a melhor palavra, a mais doce, a mais bela, a mais leve - a impronunciável e rara palavra. Quando da garganta surge o sopro voluptuoso, repousa o desejo e os dedos sossegam. O corpo suspira, repousa enfraquecido pelas marcas de recentes feridas - o corpo que flui, o corpo que derrama no corpo. Quando sobrevivente e ainda completo, espera a resposta silenciosa da metade de atributos. Comprova, por fim, o último abandono do outro - o desmerecido outro - e adormece. Recupera no sono a alma perdida, dividida, compartilhada no orgasmo.
28 agosto, 2009
"Do fracasso" ou "Como realizar o texto impossível"
Deliberação ao acaso
Mas que inferno é este chamado "preguiça"?
Belo Horizonte, de hoje para sempre, ou até nunca mais.
Não chega a ser culpa sua, embora seja uma tentação sobrecarregá-lo e livrar minha duvidosa moral. De outra forma, preciso também ser sincera e lembrar que você não tem sido exatamente uma pessoa com a qual eu queira dividir algo. E eu não sou exatamente aquilo que você imagina de uma mulher. No final das contas a culpa é de ambos, ou podemos dizer que de nenhum de nós, tudo aconteceu cedo demais, da forma mais intensa e, também dessa forma, tudo se desgastou na mesma velocidade.
Eu te amo e não quero crer que o quanto você diz que me ama sejam só palavras. Você me ama, eu sei. Mas para que as coisas se acertem e que o foi eterno em nós possa permanecer agradável ao espírito, eu me permito ir.
Adeus.
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21 agosto, 2009
se você se apaixonar por mim, fugimos?
Sorri quando me olha e ainda declara infâmias pelo prazer de me arrancar um rosnado, mas ainda assim é doce, é linda. E na esperança de vê-la eu deito e caminho em sonhos até o seu leito, onde brindo o silêncio do seu sono com um beijo de boa noite.
angustiada. assim. perdida.
não sei se são vidas alheias
nem sei se são de fato vidas
ou se sou eu que vivo
ou se eu vivendo posso chamar cada vida de minha.
16 agosto, 2009
soberba, petulância e outra coisa que já me esqueci
09 agosto, 2009
J'adore aussi
Diana, sempre Diana, me presenteou com mais uma delícia de selo. Dessa vez, a sofisticação foi tal que o selo veio en français:
E aqui é assim: p'ra ficar bonito, multiplicamos os presentes. Minhas adoráveis são:
Diana. Maria Helena. Thayane. Ana Maria. Clarinha Gomes. Remer. Gustavo. Elba. Boris. Eve.
adoro ventochocolatetravesseirolivrosbeijo nãonecessariamentenessaordem.
*para ver os outros selos que este blog já recebeu, clique aqui.
05 agosto, 2009
(lat speculu)
(...)"
28 julho, 2009
A quem dedico
Quando meus cabelos se desarrumam eu sinto falta da mão que pretende me consertar, me amansar n'um afago demorado como o dia. Tudo o que tenho, no entanto, é o vazio de nada ter, e nada poder partilhar que não minha angústia. Sofrem então meus queridos, que nem de mim gostam tanto assim, com meus desesperos solitários. Não será necessária mais que uma pequena parte de mim destruída para que todos os horrores da alma cessem e se transformem em belos ensinamentos de vidas, dos quais me orgulharei, futuramente.
27 julho, 2009
Da janela.
Olhou então pelas inúmeras outras janelas que enxergava, procurando uma cena inusitada. Não encontrou nada, era tarde, que raios buscava nas janelas alheias? Agarrou as maçanetas das janelas, deu um suspiro sofrido e, enquanto cerrava os vidros, viu a janela bem em frente a sua se iluminar. Quem seria àquela hora? Quem, além dela, ainda não dormira naquela madrugada fria? Ninguém.
26 julho, 2009
A menina que escrevia pela metade
Mas quando se dividiu e quando doeu, ficou meio triste. Comia por meia pessoa, dizia meias palavras, esboçava meios sorrisos. Escrevia pela metade.
Sua metade se foi. A metade de dentro.
24 julho, 2009
Prólogo do não-amor - parte I
Eu espero ainda que você entenda os meus motivos e não me julgue. Antes eu me culpei ainda por ter permitido que você se fosse, quando entendi que você jamais esteve. Eu percebo da forma mais linda, agora, que você jamais poderia ir sem sair de dentro de mim, que é onde está. Sendo assim, tudo o que me dói é não poder te perceber fora, quando dentro tu sofres apertado no meu deprimido coração. Eu não te amo. E ainda que o fizesse não seria tão espontaneamente a ponto dessa declaração voar como o vento. Mas aquela ponta da certeza apontada para o precipício me diz que somos enganadores de nós mesmos ao querer nomear as coisas por parâmetros existentes, sendo que aquilo que somos e sentimos só é sentido por nós, só existe em função um do outro. Ainda por uma questão de inexatidão, obrigo-me a adaptar o que sinto ao signo de outra diferente, outra já nomeada. Ou não nomeio, e encaro que toda essa reflexão é a fuga para não admitir o amor. Na hipótese do amor, é claro.
22 julho, 2009
A casa.
A casa está de volta. Com novos moradores. E a mesma pergunta de sempre.
17 julho, 2009
(sem título XVIII)
Contados, assim, trinta e cinco exatos dias desde então, eu percebo, com alguma nostalgia, o vazio de toda dor e todo drama, o quanto eu me perdi na absoluta necessidade de amar alguém e o quanto isso é, de fato, desnecessário.
Contados os fatos e tudo que vivemos, não houve perda. Foi tudo, em sua medida, lindo e nós ainda somos, à nossa maneira, lindos também. Eu aprecio o amor que dediquei e o que recebi - sabendo que nunca houve paridade - e termino aqui, beijo, adeus.
26 junho, 2009
(sem título XVII)
o anonimato me persegue como um gato
a multidão me enxota como um cão
- e no zoológico ninguém me aceita
por não ser rara.
23 junho, 2009
Inconfessável
Eu imagino uma existência hipotética de "nós", confesso.
21 junho, 2009
Fofa!
So, well... O questionário a seguir é parte do trato:
1- MANIA: Das tantas, a pior é morder os cantos da boca quando estou com raiva. Até sangrar.
2- PECADO CAPITAL: Gula. Vaidade. Ira. Preguiça.
3- MELHOR CHEIRO DO MUNDO: O meu. Uai. Eu acho.
4- SE DINHEIRO NÃO FOSSE PROBLEMA EU: Compraria livros e viajaria. Pra longe.
5- CASOS DE INFÂNCIA: Eu tive um poodle que ela epilético. Com o tempo, a dosagem do remédio foi aumentando até chegar ao ponto em que ele só dormia, nem comia mais. A solução foi sacrificar. Então minha mãe me disse que o cachorro seria sacrificado, mas eu não sabia o que "sacrificado" significada. Então, na minha cabeça, eu entendi "crucificado", por que eu fazia aula de catequese e sabia o que "crucificado" significava... Foi uma associação natural de cabeça de criança. Sei que fiquei um tempão achando que meu cachorrinho tinha sido morto pregado numa cruz. E pensava: "Que judiação, não podiam ter matado o Pituchinho de outro jeito???"
6- HABILIDADES COMO DONA DE CASA: Cozinho bem. Eu acho.
7- O QUE NÃO GOSTA DE FAZER EM CASA: Guardar louças.
8- DESABILIDADES COMO DONA DE CASA: Varrer. Mais espirro que varro.
9- FRASE: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (O Pequeno Príncipe - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY)
10- PASSEIO PARA ALMA: Chocolate, Bacardi, amigos. Sessão de cinema com minha irmã...
11- PASSEIO PARA O CORPO: Dormir.
12- O QUE ME IRRITA : Meu mau-humor.
13- FRASE OU PALAVRA QUE FALA MUITO: Neam?
14- PALAVRÃO MAIS USADO: Cacete!
15- DESCE DO SALTO E SOBE O MORRO QUANDO: Me entendem mal.
16- PERFUME QUE USA NO MOMENTO: Humor nº 5, de Natura.
17- ELOGIO FAVORITO: "Adorei seu blog!" Que foi? Não é p'ra ser sincera?
18- TALENTO OCULTO: Sei lá... tá oculto, né?
19- NÃO IMPORTA QUE SEJA MODA NÃO USARIA NEM NO MEU ENTERRO: Botália, sandaliota... sei lá, aquelas coisas que misturam sandália com bota, que coisa horrível...
20- QUERIA TER NASCIDO SABENDO: Como ganhar dinheiro.
21- EU SOU EXTREMAMENTE: Chata.
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Como segunda parte, indico cinco fofas. Eu possivelmente indicaria as óbvias: Bazinha, Luísa, Mariana, e a própria Dica... Mas decidi inovar... Então aí vão minhas cinco fofas:
1- Renata, do Doce de Lira.
2- Hosana, do Esboços e Cores.
3- Thayane, do Las Teorías.
4- Mary Hellen, do Caleidoscópio, e
5- Fernanda, do Chave do Delírio.
Essas são as fofas. Algumas estão começando agora, mas são mesmo muito boas. Muito lindas. Muito fofas.
That's all, folks. Thanks, Diana!
19 junho, 2009
Raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'
"Raindrops keep falling on my head,
But that doesn't mean
My eyes will soon be turning red
Crying's not for me
Cause I'm never gonna stop the rain
By complaining
Because I'm free,
Nothing's worrying me!
It won't be long,
Till happiness steps up to greet me."
17 junho, 2009
deliberação ao acaso sobre você, você.
12 junho, 2009
Sobre a sobrevida
e que eu não duro tanto mais nesta vida
eu devo me permitir te beijar sem culpa
- sem a culpa de alguém que viverá eternamente.
Se é verdade, porém, que há muito tempo,
mas que não importa - a morte é mesmo o fim -
eu, assim, devo me permitir te beijar sem culpa
porque após a morte só há o nada.
Se a verdade é que tenho tempo e ainda há mais:
existe culpa, julgamento e inferno
eu, então, devo me permitir te beijar sem culpa
porque tenho outros pecados piores, mais horrendos e menos perdoáveis.
Se, por fim, houver um deus decidido a me redimir
e é verdade que ele me ama apesar de tudo
eu, com certeza, devo me permitir te beijar sem culpa:
esse deus há de entender que te quero demais.
09 junho, 2009
e me confessar demasiado triste por não te escolher.
Ou ainda confessar e,
ao confessar,
ser excessivo.
Te perder amiga e te perder mulher.
Eu prendo e aperto seus dedos.
Eu poderia - não mais agora - te permitir sair.
Eu escutei suas queixas e suas defesas e agora sei que não te posso abandonar,
ainda que não-fazê-lo seja o mesmo que me perder.
De maneira superficial, eu acredito, você supõe verdades a respeito da minha mentira
e limita sua compreensão ao que eu tento esconder,
ao meu tempo gasto admirando o nada
com o olhar perdido
admirando você em mim, dentro de mim.
05 junho, 2009
Querido amigo,
Sei que lhe devo uma carta física, uma dobrada e envelopada, remetida por vias normais às quais uma carta deve se prestar, mas na urgência de dizer-lhe algumas coisas, não encontro outra forma. Sinto uma angústia inconveniente (eu diria perturbadora, mas qual angústia não o é?), resultado de incertezas que surgiram ao longo dos desesperos que criei. Talvez seja hora, amigo, de renunciar aos edifícios inacabados e iniciar uma nova construção. Uma mais digna, menos fadada ao fracasso. Hipoteticamente, é claro. Que certezas temos nós nesta vida?
Sinto se, mesmo ausente, recorro a palavras distantes. Penso que talvez seja hora de abandonar velhos hábitos. Até me deprimi (e acho que ainda não me recuperei) ao me perceber diferente demais, tantas vezes (quantas sejam possíveis afirmar) pior do que aquilo que eu já detestava em mim. São essas certezas avassaladoras que derrubam um ser humano de joelhos e jamais o colocam de pé novamente. E eis que, quando nem eu era capaz de me amar, surge um alguém que se diz orgulhoso ao meu lado. Meu prédio antigo estremeceu.
Que faço eu, amigo? Quais são meus parâmetros de felicidade?, onde encontro?, será que tento? Não consigo nem mais dormir, só penso, penso, penso, penso e penso tanto e desejo tanto que os beijos chegam a se soltar dos meus lábios a procura do par, mas morrem na dúvida da possibilidade. Suas mãos são quentes e seu coração intenso. Oh, ele tem um coração, amigo, e funciona.É tão sincero e sempre se apressa em me confortar, cuida de mim e do que sinto por ele. O que eu sinto, aliás, é cada vez maior. E, ainda que me cause tantas perturbações, eu arriscaria por ele meu maior edifício.
Desculpa-me a falta, se não lhe procurei ou nem mesmo dei notícias. Mas se lhe escrevo tão repentinamente é porque sei, amigo, que mais ninguém me poderia entender. Deixo cá meu abraço, meu beijo e minha alegria em compartilhar minha tristeza. Não aguardo solução, apenas uma resposta querida. Querido.
Sempre tua,
Carmen.
Entre-meios de lidar com a perda
(Eu) sequer (mereço) beijos de brisa
- eu não mereço!
Não tenho metais ou pedras,
nenhum valor possuo que não o meu
que é bem pequeno.
Me espere acordar.
Eu ainda não preciso.
Jamais andei descalço
(com os pés carregando poeira).
Eu não deveria
- ninguém deveria -
te oferecer palavras menores que as suas.
Não conheço o prazer da neblina;
de tatuar, em mim, o arrepio;
sinto falta da desconhecida madrugada fria.
Só as letras me mergulham quando já me encontro afogado.
Acabou-se, nos detalhes, a exploração dos meus pedaços.
E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu adeus é repleto de até logo.
São cinco ou seis estrelas sustentando meus pés, sustentando meu nada além de mim.
Serei sempre eu rasgando as malhas, rompendo a pele.
Deixar de esperar é ainda uma angústia maior.
Ainda morro
de tanta individualidade.
Eu me sinto mal por não saber lidar com gentilezas, por ser ingrata, por não ter um só bom sentimento, tendo tantos impulsos que me levem a ter. Me sinto mal quando a vida me é excessivamento gentil; quando não há perturbação, eu me perturbo. Em me sinto mal por ser eu, por não ser mais eu, por ser tão eu, por estar presa a mim, por ter me abandonado. Eu não posso continuar.
E penso,
ainda,
que
deverias saber que meu até logo é repleto de adeus.
29 maio, 2009
Das perturbações
Quando rimos. (sempre pelos mesmos motivos, sempre sem motivo nenhum, pela sua inocência ou minha devassidão.)
Quando me beija. (é doce e pequeno e sublime e nobre. ou vira uma vontade imensa de te abraçar ou um desejo sem tamanho de te mostrar tantas coisas que imagino que queira aprender comigo. e me calo.)
Se me corrige. (eu não sei mesmo falar inglês. como se eu precisasse da sua ajuda.)
Se me elogia. (porque eu realmente não acredito em você.)
Se passa tempo demais segurando minhas mãos. (que medo que eu fuja ou me afaste, que intenção existe no calor do teu carinho?)
Se fala de coisas que não entendo. (precisava ser assim, tão melhor do que eu?)
15 maio, 2009
Primeira mulher
Até que um dia morreu.
Nasceu cega. Chamaram-na Helena. Não aprendeu braille, não reconheceu vozes. Não namorou, beijou ou acariciou alguém. Não estudou. Não trabalhou. Só comeu o que lhe era permitido. Não brincou com criança alguma, não correu atrás de cães, não afundou as mãos no barro. Não soube o que era barro. Nunca passeou. Jamais teve amigos. Jamais teve diário ou o que escrever em um. Não conheceu poesia. Nunca dançou. Não teve fé. Não conheceu esperança. Não valeu a pena. Não era nada. Não foi nada.
Até que um dia morreu.
08 maio, 2009
(sem título XVI)
Te olho procurando os meus defeitos. E em você eles são belos, sequer posso chamar de defeitos: são particularidades, humanidades manifestadas. Torno-me eufêmica, portanto, diante de ti.
29 abril, 2009
[473]
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhaslágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
23 abril, 2009
Porque eu não te amo.
Meus passos são desconexos, difíceis de seguir. Mais fácil seria dançar comigo, mas acho que, para dança, não sirvo como companhia. Meu caminho não é sozinho. Mas há pedras demais por ele, pedras que eu mesma coloquei.
Se pudesse te levaria. Te colocaria dentro de mim, te enlaçaria os dedos, te carregaria as malas. Não é o amor que me leva até você, são outras brisas, ainda mais leves e mais dignas. Eu te levaria e te soltaria no penhasco, te deixaria voar e tu entenderias o pássaro que és. Por não te amar, no entanto, não te posso levar onde quero, não te posso isolar no mundo, não te posso possuir. Não cabes no meu corpo. Como não cabe, no meu espaço físico, mais ninguém além de mim.
19 abril, 2009
Da beira, o pulo.
Não falta nada. Tenho ainda até os mesmos amigos que fingem gostar do que eu digo. Já não sei se é de agora, percebo que há/sempre houve uma necessidade em me agradar. Não, não são falsos amigos. São queridos amigos que cuidam da minha ilusões, que me afagam docemente o ego, permitindo minha fuga todas as noites. Amigos preciosos, mas que me faltaram com a verdade e que obrigaram a ver o mundo com meus olhos míopes e tendenciosos. Correndo, ainda, o risco de violar meus próprios códigos.
Há quem diga, até, que eu sou má. É a mesma doce alma que me chama de coisas ainda piores, mas sequer posso acusá-la de difamação. Ela me entende, sabe que não há nada em mim que seja essencialmente diferente dela. E somos, sempre, a transição de nós mesmas. Foi assim que meus desejos se foram e, buscando uns casa com cômodos menores que conservasse o mesmo aconchego, encontraram-na. Eu sou má, ela me diz, sabendo que isso nada tem a ver com mediocridade.
É preciso admitir, entre outras coisas, a felicidade dos meus acasos. Poder chamar de amigos, ainda que sob perspectivas pouco ambiciosas, pessoas como Mariana Khalil, Diana Borges, Gustavo Ruzzene, Elba Rocha e outros, faz de mim uma pessoa notável. Uma pequena notável. Mas nada tem a ver minhas relações com uma possível notabilidade. Incrível a beleza do coração, se assim posso chamar, de cada um deles. E porque me fazem um bem sem explicação é que às vezes escrevo com alguma alegria. E fica fácil dizer o que sente, sendo sincera e pouco retórica, quando isso se dá em explosões múltiplas.
Não me arriscaria a qualquer diagnóstico a meu respeito. Ando triste, e acho que não existe nada além disso. Nunca houve, aliás. Começo a desconfiar que a tristeza não é um estado, mas uma condição. Não é ruim. É caso, apenas, de se acostumar, como com a alegria. Ou aceitar que não existe escolha permanente. Aceitar que não basta suor para uma execução perfeita, também é necessário algum desprendimento e aquilo a que me habituei a chamar de dom. E é por isso que, mesmo querendo, não posso cumprir as promessas que fiz, tamanho seja meu desejo de atendê-las. Não se zanguem, caros amigos, com minhas falhas. Sou humano, demasiado humano. Nem sempre cabe ao meu orgulho reconhecer meus defeitos ou ao meu abatimento, reconhecer meus atributos. E escrevo desgovernadamente quando deveria calar meus dedos ou passo dias sem escrever, quando tudo em mim arrebenta em sentimento.
Compreensão, amigos.
Porque não sou mesmo medíocre. Se sou capaz de assumir.
_______________________
À todos os amigos citados e aos não citados, mas em especial à Diana, que me arrebentou as veias e me confessou, entre delicadezas, que eu estava irreconhecível. Morrendo e matando de delicadeza. Aquele monstro de delicadeza.
15 abril, 2009
(sem título XV)
09 abril, 2009
Minha vida, meu desejo e a distância entre as coisas.
Amigo,
fiquei ainda mais frágil, mais triste e mais dolorida. Eu não posso te responder agora, nem sei se poderei um dia, só sei que choro feito a criança que descrevi em você, sem saber, ou não, do verdadeiro velho que escondes. Mas uma resposta surgirá e voltará às suas mãos como forma de agradecimento. Não é necessário que seja recíproco, é só necessário que seja verdadeiro em tudo que seja. Já és, sinceramente, meu pedaço de vida e desejo.
29 março, 2009
Vários graus de... MAS HEIN?
menina 1: "mundo mundo vasto mundo / se eu me chamasse raimundo / seria uma rima, não seria uma solução. / mundo mundo vasto mundo, / mais vasto é meu coração."
menina 2: "é por isso que eu odeio vinícius."
menina 1: "mas o verso é do drummond."
menina 2: "é por isso que eu odeio vinícius. ele jamais escreveu esse verso."
Vários graus de FORMIDÁVEL.
menina 2 esquece onde estacionou o carro.
meninas 1 e 2, no meio da chuva, procuram carro.
meninas 1 e 2 acham o carro.
menina 1 entra no carro.
menina 2 entra com o guarda chuva aberto dentro do carro.
menina 2: O QUÊ QUE EU FAÇO COM ISSOOO??
26 março, 2009
febre + sono + dor de cabeça + azia =
Reconheço que a escrita exige labuta. Mas a ilusão de uma "escrita natural" torna o processo tão, mas tão mais bonito, que mesmo ao final da mais suada das frases, o sujeito que a escreveu se sente o portador do maior dos dons. E é assim mesmo, sempre fingindo que existe uma inspiração intrínseca, um pensamento essencialmente livre e instintivo. Duro, dizemos, é o processo da escrita, duro é digitar teclinhas, duro é passar para o papel.
Mas que nada! Escrever, encarreirar letras, é fácil. Difícil é colocá-las em ordem.
Veja bem o que é a febre: eu me olho no espelho e, entre outras coisas, enxergo sempre a pessoa de escrita mais natural que eu conheço. Talvez nem seja mentira, posto que não conheço tantas pessoas que escrevem, assim... Mas nego, de muitas formas, que escrever para mim é um processo dolorosíssimo, cruel, sofrível porque eu insisto mesmo, chateio, teimo com a palavra que não quer sair. Espremo como se fosse um berne. [acabei de matar esse texto. #prontofalei.]
Despropósito
"Minha agenda me diz coisas em alemão, mas eu não sou alemã, não falo alemão, não leio alemão, não escrevo alemão, sequer simpatizo com a língua. Mas falo português fluentemente. E ninguém me entende.
(...)
São tantas coisas que eu penso, mas nada serve para o papel. Nem tudo merece ser exposto, eu tenho um gosto pela forma que meus pensamentos tomam. Acho que cada letra é um [palavra ilegível]. Amor sufoca, eu acho."
E há três dias 'tô eu olhando p'ra agenda, tentando decifrar essa joça de palavra. Mas nada cabe ali.
20 março, 2009
(sem título XIV)
As pétalas turquesas
O óbvio.
São, talvez, rastros.
Cicatrizes menos dignas, modéstias mais sinceras.
Você se resume nas minhas descobertas.
19 março, 2009
Vários graus de INEXPLICÁVEL.
menina 3 pede para menina 4 segurar seu caderno.
menina 4 escora caderno da menina 3 no parapeito.
alguma coisa cai do caderno.
meninas 1, 2, 3 e 4 se curvam no parapeito para ver o que caiu e onde caiu.
seja lá o que for, é quadrado, amarelo e está no parapeito do andar de baixo.
menina 4 vai correndo buscar.
menina 4 volta com o quadradinho amarelo na mão e a maior cara de incógnita de todos os tempos.
era uma fatia de queijo.
18 março, 2009
Primeiro remoque depois de um mês
Ando atribulada e devo cartas prontas, devo presentes. E ando desiludida porque não recebo nada, cartas deveriam ser respondidas, não sei o que houve. Passo as noites na multidão de problemas que me inventei, alheia ao novo vocabulário que (ao menos parece) tenho que entender.
Ler e não entender sobre os dizeres do dizer, a maldita metalinguagem que me mata. E meu senso crítico cada vez mais totalitário, censurando tudo que eu escrevo e transformando em lixo. Saudosismo ridículo. Eu nunca fui feliz, eu sempre soube.
18 fevereiro, 2009
Mika
Não, não existe.
17 fevereiro, 2009
Nós.
Ela
Me olhou de cima e me trouxe paz. Ela me tortura.
Ela me abandonou e agora eu a procuro dentro de mim.
Ana Maria se afogou no meu peito.
De mim (agora)
Talvez eu não seja assim tão ruim, mas eu realmente achei que fosse alguém melhor do que sou. Pensei talvez que meus desvios de conduta mais tivessem a ver com meu gosto musical duvidoso que com falta de moralidade ou de escrúpulos. Talvez me julgasse incorruptível. Quem bem me conhece sabe que é verdade, sabe que eu carrego uma soberba infinitamente maior que eu. E morrerei sob o peso de mim mesma, eu acho.
O abandono causa sensações delirantes, quase como ácido. Talvez seja mais recomendado porque, embora o efeito possa ser prolongado, não costuma deixar grandes sequelas. No mais, se aprende muito mais sozinho, taí uma coisa que o ego nunca vai permitir é você achar que alguém é melhor que você mesmo, nem que seja na arte de ser pior.
Mentirosa, pérfida e ligeiramente demente. Gorda. Boba, feia e chata. Passo tempo demais pensando nas coisas que poderia ser e, às vezes, o pensamento vai tão longe que, em algum lugar, eu acabo sendo mesmo e me sinto ótima em ter conseguido ser qualquer coisa em pensamento e continuo a ser eu mesma por aqui. Eu sempre me gabei de conseguir tudo o que sempre quis, mas a verdade é que eu sempre quero muito pouco.
16 fevereiro, 2009
(sem título XIII)
Quando penso nos improvisos de nossa vida, os rumos desesperados de cada uma de suas pernas que te levam a cada dia para mais longe de mim. Cruelmente, cada manhã e cada tarde ao seu lado são sempre ainda melhores que as manhãs e tardes anteriores. Me deixam sempre uma esperança de consideração divina em prolongá-las por meses, mas parecem sempre menores.
14 fevereiro, 2009
24 janeiro, 2009
Lento (marta)
Quantos dias faltam, ou sobram? Matam as horas, ou morrem no parapeito dos dias. As horas iguais, morrem nada: se esticam. Dias doem.
13 janeiro, 2009
Fosse eu.
Há tanto e tanto que eu não posso explicar. As esperanças não faltam, mas gotejam inutilmente nesse coração inerte. Nem bate o peito diante da vida, nem pulsa a vida diante de mim.
Já se foi o tempo das varandas, o cheiro dos porões e dos assoalhos mofados. Partimos por caminhos tão diversos, nos espalhamos, nos dissipamos, nos perdemos. Nem a mesma língua falamos e os gestos não mais se encaixam. Nem conhecidos somos mais.
Pois, amigo, eu vi a lua. Ainda se esconde e me inspira devaneios. Mas vejo sempre na lua o meu reflexo disforme. A lua está sozinha. A lua está minguando.